Afrodite, Eros e Pã 100 a.C - Artista Desconhecido
Museu Arqueológico Nacional, Atenas
Hino a Pã
"Ânsia de Luz, desejo envolvente
Meu homem, meu amante
Vem a mim atravessando a noite
De Pã! Io Pã!
Io Pã! Io Pã!
Cruza os mares sem fim
Vem da Sicília, vem da Arcádia, vem a mim!
Vem com teus faunos, Baco amigo
Arrastando ninfas e sátiros contigo
Em um jumento, cruza os mares sem fim
E vem a mim, a mim!
Vem com Apolo, vestido de noiva ardente
(Pastora, Serpente)
Vem com Artemis em passo fogoso
E lava a tuas brancas coxas, meu deus formoso,
Na lua que banhados bosques, nos marmóreos montes.
No amanhecer estrelado de belas fontes!
Afoga no vermelho apaixonado da oração
Em santuário escarlate, rubro alçapão,
A alma de olho azul, esbugalhado
A observar teus desejos desenfreados
Nos bosques fechados, a audácia demente
Da árvore viva que é o espírito, é a mente
E é a alma do corpo...Cruza os mares sem fim,
(Io Pã!, Io Pã!)
Vem Deus ou Demônio, vem a mim, a mim!
Meu homem! Meu macho!
Vem soando trombetas e fanfarra
Cruzando os montes em algazarra!
Vem com o rugir dos tambores
Vem das fontes dos amores!
Vem com a flauta, e o flautim!
Estou Pronto! Vem a mim!
Eu, que espero e me debato, sem repouso
No ar vazio sem lugar de pouso
Meu corpo cansado de abraçar o vazio
Forte como um touro, como um animal em cio
Vem, ah vem!
Estou desfalecido
Pelo solitário desejo enlouquecido
Penetra a espada, o aguilhão ardente
Devorador, Incandescente;
Dá-me o sinal do Olho Aberto
E entre as suas coxas o teu símbolo ereto
E o verbo da loucura, secreto
Ah Pã! Io Pã!
Ah Pã! Io Pã Pã! Pã Pã! Pã
Eu sou um homem, um dos teus
Faz o que queres, grandioso deus!
Ah Pã! Io Pã Pã! Estou demente
Pelo anelo da serpente,
A águia rasga e rompe seu perdão;
Os deuses já se vão:
Que venham as feras, Io Pã! Nasci
Para ser morto, corneado
Pelo Unicórnio desenfreado!
Sou Pã, Io Pã Pã! Sou Bacante
Teu homem, teu amante,
Sou cabritos dos teus,
Sou ouro, sou deus,
Carne do teu osso, enfeite do teu falo,
Equinócio e solstício, percorro e encerro,
Correndo em meus cascos de ferro.
E entro em delírio, estupro, saqueio, rompo
Eternidade afora, para além do tempo
Fantoche, macho, donzela, cortesã
No poder e na força de Pã.
Io Pã! Io Pã Pã Pã! Io Pã!"
Aleister Crowley (Tradução: Dalva Agnes Lynch)
Marcelo [Ciello] Poloni
*Colaborção do meu amigo João Cagnin, que transforma todas as manhãs em inspiração! Beijo meu querido!