O palco transformou-se naquela noite. Iluminou-se de grande emoção em sua primeira apresentação pública de um início de carreira. Foi observar a platéia. Casa cheia? Não importava mais depois daquele instante quando seus olhos, ao percorrer as fileiras de convidados, encontraram o caminho para o paraíso. Um instante mais para olhar com cuidado. Lá estava ele: “Sentado do lado da mãe com jeito de urso de berço”*. Foram suas primeiras impressões. Não deixou escapar a oportunidade de fazer daquela apresentação uma eterna lembrança de sua história.
Quem canta seduz, atrai e conquista. E ele o fez com a voz, com o coração e com aquele olhar certeiro, direto do palco, que, correspondido, instintivamente levou-os além e para outros cantos. Despertava o querer bem, o carinho e a dedicação. Tornaram-se um só em sentimentos musicais. Poesia versada em vida, respeito, cumplicidade e entrega. A vida de ambos parecia perder muito de sua graça quando não estavam juntos mas nunca deixaram de ter sua personalidade, nunca se anularam.
Outras canções embalaram o baile de suas vidas e, entre graves e agudos, crises e despedidas, um reencontro. Definitivo. Há 20 anos aprenderam que “amar é viver o perigo de se dissolver um dentro do outro, não como uma paixão idealista, mas como algo concreto que requer paciência e a obstinação, próprios do amor”*, tão eterno e presente como a lembrança daquela noite na ópera “Euvgueni Onieguin” de Tchaikovsky.
Entre melodias, canções e outras tantas artes que comungamos por este caminho, ainda virtual, aqui me levanto eufórico em palavras para aplaudir o José que, que apesar de hoje não cantar mais e ter alçado outros vôos profissionais, vive, e revive aqui, intensamente a lembrança daquele seu encontro com Carlos, como se eternamente estivessem no primeiro, e definitivo, recital de suas vidas.
Marcelo [Ciello] Poloni
* Citações do próprio José extraída do resumo desta ópera de vida que me foi contada hoje por e-mail.
Ópera em três atos e seis cenas, com música de Tchaikovsky, baseada no romance homônimo de Alexander Pushkin de 1831, que conta a história de um amor desprezado, transformado em ardente paixão quando já é tarde. Eugene Onegin, nobre da corte, herda uma propriedade rural. Diverte-se caçando e também com a simplicidade aristocracia local onde conhece Tatiana, jovem sonhadora de alma sensível. A moça confessa-lhe seu amor por meio de uma carta. Surpreso e invulnerável, Eugene lhe diz, com rude franqueza, que não pode correspondê-la no amor. Pouco depois, ao matar num duelo o jovem poeta Lenski, noivo de Olga, irmã de Tatiana, Onegin parte para uma longa viagem. De volta a São Petersburgo, é convidado para um baile no palácio do príncipe Gremin. A elegante anfitriã, esposa de Gremin, é Tatiana. Fascinado, Onegin compreende seu erro, o que aprofunda ainda mais o vazio da sua vida. Apaixonado, escreve uma carta à Tatiana. Embora ela confesse que seu amor não foi esquecido, ela lhe diz, com determinação, que se tornou uma mulher, e jamais encontraria ao seu lado respeito e felicidade. Ordena-lhe que a deixe para sempre. (fonte Wikipedia)
Bravo!!! Bravo!!! Bravo!!!
ResponderExcluirVocê é um artista Ciello.Sem palavras...só tenho emoção e gratidão pelo que ví e lí e ouví. Sinta-se beijado docemente nessa testa abençoada.
ResponderExcluirestou curtindo a música até agora...
ResponderExcluirNa infancia,escutava música clássica.Tchaikovsky batia cartao diariamente.Hoje em dia,escuto nos momentos de relax.
ResponderExcluirMenino,nao conhecia essa ópera.
Cuide-se!Beijos.
Extraordinário ... viajando por entre suas palavras e na música ...
ResponderExcluirMenino, que luxo o seu blog e portugues, nao?! AR-RA-SOU. Parabéns!. Estou seguindo, também.
ResponderExcluirAbraços. Passe pelo Olhar na hora que bem quiser. Sempre serah bem-vindo.
Elogios nunca são demais...e pra vc eles serão sempre sinônimo de inteligencia e sensibilidade...Mais uma vez arrasou lindao! Prates
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