quarta-feira, março 09, 2011

Artes de Carnaval

Carnaval 2011 - Mocidade Independente - Armação - 
Máscaras de Veneza e as origens do carnaval

União da Ilha 2011 
Charles Darwin no Jardim Botânico carioca.
Tempos atrás resolvi fazer um blog sobre as "artes do desfile das escolas de samba" e não evoluí na proposta pois, ufa, dá pano pra manga, babados, confetes e serpentinas, além de muita dedicação.
Não tentarei convencer ninguém do meu ponto de vista e de como visualizo, pelos meus muitos anos acompanhando de longe e "in loco", o trabalho, a execução e a apresentação deste universo de múltiplas artes, marginalizado por grande parte da pseudo-sociedade dita "erudita" que torce o nariz para nossas raízes.
Também não pretendo dizer que tudo são flores (existe muita lama) e tampouco diminuir sua função "entretenimento" em favor de minhas idéias, mas não posso diminuir sua importância enquanto resgate de nossa memória e cultura.

Comissão de Frente e Abre-Alas
Um desfile para muitos olhares


Carnaval 2011 - Grande Rio - Armação
Copinhos de plástico para representar
o fundo do mar de corais.
O desfile das escolas de samba, em meu ponto de vista, é a convergência de diversas artes em um espetáculo midiático com diversos produtos e oportunidades. Com uma diversidade de assuntos e temas, foi o cerne de meus trabalhos para o curso de Design Gráfico (projeto de produto, fotografia e instalação) e para o curso de pós-graduação em Comunicação e Mídia.


Os carros alegóricos na 
Av.Presidente Vargas - Carnaval 2011 - 
União da Ilha e o Mistério da Vida,
 um história de Charles Darwin.
“Com seus carros que serão levados para a avenida crescendo a cada dia, o barracão se constitui num espaço crítico em que se pensa, se realiza e se aprende arte. Numa acepção ampla, carnaval não designa portanto a festa simplesmente, mas todo o processo que nela desemboca.”(Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, O rito e o tempo: ensaios sobre o carnaval, 1999.)


Mocidade 2011 - 
Parábola dos Divinos Semeadores
Costumo tirar muitas fotos da "armação" das escolas de samba do Rio de Janeiro – espaço aberto à visitação pública – na Avenida Presidente Vargas – para registrar detalhes, referências e o trabalho não percebido na hora do desfile de fato, seja pela tv ou por quem esteja no "sambódromo". Considero a "armação" como um museu a céu aberto onde os artíficies anônimos do carnaval mostram suas obras de modo estático, para o deleite das milhares de pessoas que por aquele espaço transitam nas tardes de pré-desfile.

Beija-Flor 2011 - 
A Simplicidade do Rei
Na armação são dados os últimos retoques nas alegorias e efetuados os últimos testes de som e luz, geradores e demais maquinários utilizados para que o desfile seja completo e íntegro na apresentação aos julgadores, tornando-o um momento único em seu desfile. Adianto que, uma foto, vídeo ou mesmo aquilo que possa ser aqui descrito, não traduzem a grandeza e a emoção de presenciar o desfile, seja como admirador ou mesmo como um folião que veste a fantasia e brinca de ser quem não é pelo tempo limitado de um desfile de artes diversas, congregadas em uma só.

Já em desfile, o mesmo carro Abre-Alas
 que pode ser visto na foto da armação acima. 
União da Ilha e o Mistério da Vida, 
homenagem a Charles Darwin.
“Considerar o Carnaval supérfluo é desconhecer que nós brasileiros recriamos a identidade no ato de brincar, virar príncipe ou princesa, grego ou tirolês, personagem de um cenário dionisíaco onde todos são outros e, assim, mais eles mesmos. A cultura está nos Lusíadas e no Quixote, mas ainda na versão carnavalesca dos clássicos. Minimizar esta é negar o direito de sermos nós mesmos e existir.” (Betty Milan, A República do Samba. Folha de São Paulo, São Paulo.)

As pessoas que não conhecem este universo paralelo ao "bunda-lê-lê" - tipicamente sensacionalista de "reis, rainhas, popozudas, maludos, piriguetes e cafas oportunistas, pseudo-celebridades datadas, turbinadas e vazias - acreditam que "escola de samba é bagunça! Ledo engano. É trabalho para mais de 10 mil pessoas. Gera lucro e é encarado como empresa, sem deixar de lado o charme e a nostalgia, o lirismo e a arte de "Paulinhos" da Viola da Portela, "Cartolas" da Mangueira ou "Martinhos" da Vila, a Isabel.

O carnaval veio das Saturnais e da festa do boi Ápis, das festas agrárias egípcias, gregas e romanas de sagração da colheita e da primavera em tempos de fartura. Foi datado pelo calendário cristão como sendo o momento de extravasar os desejos antes do período de reclusão da quaresma. Seguiu pela idade média com a sociedade se escondendo em bailes de máscaras. Chegou com o festejo português do Entrudo ao Brasil e misturando-se ao ritmo dos tambores e danças africanas, o mistico e a arte plumária indígena, promoveu, com o tempo, a evolução de dos diversos cortejos - ranchos, corsos e cordões - em um múltiplo somatório de suas artes, chamado Escola de Samba.

As artes cênicas - Tijuca 2011
Joana D'arc carnavalizada
E assim começa o meu desfile de opiniões sobre esta grande catarse de todas as artes.... bem vindo a festa.

“Nesse país, uma escola nunca teve crise de aprendizagem: A Escola de Samba” (Sebastião Rocha, Antropólogo, Educador, Mentor do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, Prêmio Empreendedor Social 2007).

Ah... sem se esquecer da alegria e da diversão... podemos ganhar outras coisas também... venha pra festa você também. 
União da Ilha 2011 - O Mistério da Vida 
entre outros mistérios da avenida...
 Marcelo Poloni

5 comentários:

  1. Confesso, não gosto de escola de samba, mas a Unidos da Tijuca tava phoda!

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  2. Acho tudo lindo... mas como sabes não sou convicto... hhehe! Hugz!

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  3. Apesar de não gostar, respeito. Acho bonito a manifestação, mais não encaixa nos meus ouvidos.. e adivinha! assisti no jornal que saiu um bloco no Rio somente com música dos Beatles em ritmo de carnaval; achei sacrilégio. rs

    E por falar em Beatles, sábado tem no Sesc Pompéia "THE MOCKERS" interpretando músicas dos beatles!! vou tentar comprar o convite

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  4. Acho super válido... Eu não acompanho desfile, mas no final acabo sempre torcendo por uma das escolas... Esse ano eu não acompanhei mesmo, resolvi aproveitar o carnaval de rua (que aliás, também é muito interessante)...

    Um abraço, rapaz... Até o próximo

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  5. Ciello... arrazou ! li sem parar todos os post´s sobre o carnaval. Desde os mini-contos até as matérias didático-críticas.
    vc é show garoto! amei muito, aliás estou indicando para uma galera que curte este tipo de discussão!
    parabéns mesmo.
    bjão grande e continue esse talento.

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Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade. Entender é uma criação, meu único modo. Clarice Lispector.

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