quinta-feira, setembro 30, 2010

Quanto vale a individualidade?


Hoje travou-se um dilema muito interessante entre o coletivo e o individual. O quanto vale você bradar aos quatro cantos a sua revolta, baseada em uma questão privada, particular, apoiada por hipóteses coletivas não concretas ou embasada em fatos?


Foi-se o tempo que existiam a solidariedade e o compromisso com um bem maior e com a coletividade. Vive-se atualmente do individualismo e da mentalidade limitada em pensamento, na exata distância que vai de uma orelha a outra. As opiniões próprias sempre serão mais importantes e corretas e jamais podem ser questionadas pois, cercado de uma carcaça de interesses próprios, transforma-se em verdades universais. Universais?

Todos os argumentos, por mais nobres e corretos que sejam, estão subjugados a mesquinharia do individualismo onde o MEU é mais importante que o SEU e se esquece completamente que existe a necessidade de um bom relacionamento com o NOSSO ou o DELES. Assim o convívio na sociedade moderna caminha para o colapso das relações de amizade pois o universo ao redor de cada um se estreita cada vez mais.

A crítica deveria ser usada como forma de reflexão mas toda a idéia contrária a necessidade imediata de cada um deixa de ter valor, por mais correta, concreta e consistente que venha a ser. Acredito que ainda possam existir valores que se sobreponham ao individualismo latente na sociedade atual e não deixem cegos aqueles que ficam a sobra de sua própria ignorância.

Para ilustrar o quadro, como de costume, uma citação: "O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais um vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota. Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos. Nunca vi um sujeito vir à boca de cena e anunciar, de testa erguida: - Senhoras e senhores, eu sou um canalha." Nelson Rodrigues.
Acredito ainda que existam outros tantos que, assim como eu, saibam ou procurem conviver e viver não exclusivamente para seus umbigos, observando além de suas próprias limitações e não se limitando a elas.

O mundo e a sociedade está precisando de uma dose cavalar de sensibilidade. Uma legião de "Amelies" poderiam sair da fantasia cinematográfica para trazer a tona um pouco mais de compreensão aos nossos corações.

Marcelo Poloni

ps. também não estou imúne a lapsos de individualidade ou erros e, por isso mesmo, me critiquem quando for necessário! Desta forma poderei ampliar minha consciência, idéias e aprendizado, corrigindo distorções e atitudes impulsivas.

"Experiência não é o que acontece com um homem; é o que um homem faz com o que lhe acontece." Huxley

terça-feira, setembro 28, 2010

Um passeio diferente...

Depois de dar uma volta pela Bienal no domingo, mesmo tendo visto tudo em ritmo acelerado, hoje resolvi aproveitar uma "certa lacuna de tempo" na minha jornada de trabalho semanal e resolvi instigar a curiosidade dos meus estagiários.


Com o apoio de meus chefes e companhia de alguns colegas resolvi montar um grupo para visitar a 29ª. Bienal de Arte de São Paulo. Lá vou eu tentar apresentar um pouco da arte produzida pelo mundo todo, convegente nas instalações do Parque do Ibirapuera. Não sou tão gabaritado para a empreitada, mas, de fato, o intuito do passeio é proporcionar uma alteração na rotina e uma abertura na mente dos meus estagiários, que, em geral, não conhecem o universo das artes plásticas.


O que eu quero com isso? Definitivamente me deixa muito contente e satisfeito o fato de que eles, mesmo que demorem muito tempo para realizar outra visita desta natureza, e muitas vezes não o farão se não for por uma certa imposição escolar, possam ter um outro olhar, uma ruptura com as rotinas e uma inserção de conhecimento, arte e cultura em suas vidas, mesmo que seja apenas de passagem.


"A imaginação é mais importante que o conhecimento" e "A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.", ambas citações do gênio Albert Einstein, cabem bem aqui neste contexto. Espero que eles também possam ampliar os horizontes...

Marcelo [Ciello] Poloni

segunda-feira, setembro 27, 2010

Somos ainda "Um perigo tão antigo quanto o ser humano”

Hoje fui dar uma volta na Bienal e ver e sentir e interagir e assistir e ouvir e tudo mais que a "nova arte moderna" pode causar... bom... não deveria comentar nada a respeito, seja com profundidade ou significado interno e pessoal, pois serão necessárias outras visitas com mais calma... mas não posso deixar esta instalação sem os méritos que merece na estréia deste assunto nestas bandas do mundo blogueiro... 

Me chocou e, provavelmente vai fazer você parar e refletir sobre o quanto de "animal" o ser humano pode armazenar em si mesmo. A obra-instalação de Alfredo Jaar interfere  no cotidiano das pessoas no que diz respeito a sensação de que "existem coisas acontecendo no mundo e nós estamos apenas observando do alto de nossa lente de aumento"... 
Obra: The eyes of Gutete Emerita
Quatrocentas pessoas da minoria Tútsi, entre homens, mulheres e crianças refugiaram-se numa igreja. Foram emboscados e massacrados. Restou apenas um olhar.. Quando? 1994. e um milhão é o número aproximado de vítimas ruandesas até o ano 2000.... 

Quer saber mais da bienal e desta instalação? Vai lá e me chama que eu vou! 

no mais... pode dar uma espiada virtual em http://www.29bienal.org.br de onde colhi detalhes da obra acima  e a parte entre aspas do título é da Clarice Lispector.

Marcelo Poloni


quarta-feira, setembro 22, 2010

Duas novas companhias...

“Sei que meu caminho chegou ao fim:
quer dizer que cheguei à porta de um começo.”
 (Clarice Lispector)


E vou caminhar por dois mundos que se entrelaçam para tecer novos significados.


Depois eu conto, e aos poucos, a mistura que isso vai dar... 
Era para eu ler O Mundo de Sofia, mas me aconselharam a ler primeiro este... 

Perfume de Jasmim


“Dependerá de nós chegarmos dificultosamente a ser o que realmente somos. Nós, como todas as pessoas, somos deuses em potencial. Não falo de deuses no sentido divino. Em primeiro lugar devemos seguir a Natureza, não esquecendo os momentos baixos, pois que a Natureza é cíclica, é ritmo, é como um coração pulsando. Existir é tão completamente fora do comum que se a consciência de existir demorasse mais de alguns segundos, nós enlouqueceríamos. A solução para esse absurdo que se chama “eu existo”, a solução é amar um outro ser que, este, nós compreendemos que exista.” (Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres)

Como era de se esperar, fiz uma coleção de citações do livro. Não aguento ficar longe delas! Acho que é um vício que tomo consciência no amplo sentido de sua existência. São momentos pessoais de interpretação literária que pode ser diferente ou, muitas vezes, igual a de outra pessoa, mas são únicos enquanto leitura interna de minha alma. Importante é que fiquei muito satisfeito com esta imersão em um livro cujo sentido amplo da descoberta vai da angústia de não saber "ser" ao êxtase máximo de se encontrar por completo e poder assim doar-se em plena sintonia com outrém.

Partindo agora para a imensa descoberta de novos mundos e de novas experiências sem deixar de levar na bagagem um pouco daquilo que aprendemos e que, demasiadamente esquecemos, é o motivo que me faz guardar as memórias da leitura em arquivos, blogs, murais e saudades. Compartilhar é preciso, pois faz de sua existência um significado maior que a individualidade do pensamento. Aceitar novas interpretações também é expandir o universo de possibilidades e sensações, e diariamente transformando seu modo pessoal e único de entender ou compreender a vida que segue.

E eis que a pergunta mais complexa de ser respondida e que não tem, definitiva a certamente, uma resposta certa, pois depende de cada um em sua individualidade, se abre para mais uma possibilidade metafórica de interpretação, segundo Clarice Lispector:

“Quem sou eu? Perguntou-se em grande perigo. 
E o cheiro do jasmineiro respondeu: 
- Eu sou o meu perfume”.

Marcelo Poloni




terça-feira, setembro 21, 2010

Nas asas de um Beija-Flor...

‎"Se a vida é uma volta na lembrança, uma roda de esperança, espalhando amor no ar, liberte do seu peito essa criança, dê as mãos na contradança e vamos juntos cirandar...

domingo, setembro 19, 2010

De repente... um depoimento!


Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.

E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Que neste dia tu sejas a pessoa mais feliz do mundo!

E a sua infância, como foi?

Eu tinha um igual quando morava no interior. Guardei por longo tempo e revigorei minha nostalgia ao ver que alguém muito próximo a mim ainda mantém um como recordação de um tempo bom que já passou... (obs: está a venda!)
As vezes somos tomados de certa nostalgia e saudade pelo tempo que não tínhamos preocupações que não fossem o Natal, a Páscoa e o dia do Aniversário, quando o muito de tensão que sofríamos era saber ou tentar descobrir se ganharíamos algo e o que era. Na maioria das vezes ganhávamos o esperado e pouco tempo depois já estávamos querendo um pouco mais desta "tensão".

Mas não há como voltar àquele tempo bom que já passou. Vamos para frente, caminhando e sentido o sol que está e deve estar a nossa frente, como fonte brilhante para nossas decisões, planos e pensamentos. Para trás fica a sombra do passado, das derrotas, dos fracassos, mas também a saudade e a nostalgia de todas as alegrias corriqueiras e triviais, dos sucessos simples, da magia de ser criança.

"A Saudade é a sombra negra de um passado cor-de-rosa..." (fala de Marco Nanini no filme Copacabana)


sábado, setembro 18, 2010

E ele estava sendo...

A Medusa
"Escolher a própria máscara era o primeiro gesto voluntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivelava a máscara daquilo que se escolhera para representar-se e representar o mundo, o corpo ganhava uma nova firmeza, a cabeça podia às vezes se manter altiva como a de quem superou um obstáculo: a pessoa era." (Clarice Lispector, Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres).


Embrenhado nas vertigens de Clarice Lispector é que descubro a cada dia este “Eu” que me devora internamente e que corrói, com certa angústia, vontades e desejos. Existe o medo paradoxal de exteriorizá-lo, e perder-se nesta vastidão interminável de sentimentos de minha alma, ou ao que posto para fora, devorar docilmente o mundo que me cerca na construção da verdadeira identidade, sem máscaras e sem medo.

Ciello Poloni

segunda-feira, setembro 13, 2010

Apesar de....

De Ulisses para Lóri...
"...uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar, Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso." (Clarice Lispector, Uma aprendizagem ou O Livro dos Prazeres.)
Quando começamos a nos encontrar e a entender nossa dinâmica nesta vida, que passa a cada instante, sem qualquer preocupação, nos deixamos levar pelos atos e emoções de nosso cotidiano. Muitas vezes paramos diante de um espelho de vaidades e nos limitamos para não deixar passar ou transparecer nossa essência. A angústia do dizer Não as vezes é mais forte e nos entregamos a necessidade dos outros que não a nossa. Talvez não sejamos apenas um, talvez sejamos um coletivo e este sempre será a tônica da minha vida. Percebo a cada instante que antes de buscar no outro a minha metade, tenho que estar completo para que minha essência, o meu verdadeiro Eu, se misture com a essência daquele que, também completo, possa mostrar em diversas interações a congruência para uma nova proposta, um novo rumo, uma forma nova de ver a vida e caminhar junto, que a sociedade encara apenas como "relacionamento".

terça-feira, setembro 07, 2010

Citações próprias....



Quem viu Dzi Croquettes entente pq atualmente somos uma fração limitada e engessada de nossos próprios preconceitos...

Sobre o filme "Alice no país das maravilhas" do Tim Burton. Das muitas críticas, positivas ou não, quem as aceita, deixa de fazer a análise baseada em suas próprias interpretações e sentimentos. Visual impecável. Legítimo. Poético. Uma fantasia fantástica como eu bem gosto assim como também gostei da música da Avril para o filme. Gostei sobretudo do "dilema da escolha" marcada com a frase da lagarta: "Nada se conquista (ou se alcança) com lágrimas". Além disso e tão importante quanto, a busca do seu próprio Eu, da sua verdadeira essência, definido desde o início com uma Alice não reconhecida e que aos poucos vai se reencontrando com sua verdadeira identidade.





Agora sobre o filme A Origem, que muitos não entendem, aconselho procurar um pouco de mitologia grega, especialmente pois nomes de personagens não estão ali por um acaso. Ariadne para ser mais específico. 
Minha humilde interpretação:  
"Muito mais do que criar um mundo, criar uma idéia ou conceito, acho que o suficiente para você mudar sua própria vida, de dentro para fora, é não deixar que seja controlado pelas fraquezas, mas fazê-las aliadas, entendendo e aceitando que nem tudo na vida pode ou precisa ser perfeito." (Marcelo Poloni, para o filme A Origem). 






segunda-feira, setembro 06, 2010

Liberdades individuais

Eu acredito que todas as pessoas podem achar aquilo que quiserem umas das outras, é quase que instintivo e vem dos primórdios da humanidade.... sacanagem é utilizar-se disso para criar intrigas ou maledicências cuja única finalidade é expor fraquezas e defeitos que, na verdade, também estão presentes em quem as produz, pois é da natureza humana ser imperfeita.

De fato vivemos em sociedade e isso significa que o convívio pacífico requer uma certa dose de desapego aos pré-conceitos que fazemos uns dos outros, pois ninguém está imune a eles. Buscamos cada um o melhor para si e as vezes esbarramos no próximo e neste momento temos que ter consciência do princípio das liberdades individuais.

Dentro de regras mínimas de bom convívio, minha liberdade, por mais forte e abrangente que a palavra indique ser, deve ser limitada a mesma liberdade que meu semelhante possui, ou seja, não posso ou devo ir além daquilo que possa interferir na liberdade do meu semelhante de forma a promover uma agressão gratuita.

Marcelo [Ciello] Poloni
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