quinta-feira, maio 26, 2011

Carta Esculpida de Arte


Fui ao teu encontro estrela cadente do meu céu de tantas possibilidades. Busquei por teu corpo e alma em cada canto desta selva - fonte de tantas outras perdições neste tempo árido de sentimentos puros - pois sabia que abrigavas a chama de um coração verdadeiro, bruto, ilimitado e complexo.

Vi, por tuas mãos pequenas, delicadas e dilaceradas no ofício que a conduziste do amor, pelos caminhos da paixão, como presa fácil, às grades da loucura, realizações materiais que, mesmo estáticas neste tempo que passou, deram-me impressões fluídas de teus desejos. 

Li teus apelos desesperados àquele que te prometia cumplicidade duradoura, que nunca cumpriria de fato, e me comovi com cada gota desta tinta que corroeu tua alma, aprisionando teus sentidos. Senti tua presença naquele átimo de vida em forma de papel, letras e ruídos de saudade.  

Fiz deste momento de observação de tua vida em arte, um encontro sublime de fruição contemplativa. Chorei por ti. Chorei por mim. Chorei por nós. Naquela tarde de domingo éramos únicos, partes entrelaçadas de um mundo perfeito, agarrados a nossa mais pura verdade, embriagados de carinho e esperança.

Descobri, naquele dia, um sentimento único por ti em teus olhos perdidos no infinito, que não ficaram tão conhecidos, pois, injustamente, mantiveram-se à sombra de teu mestre, razão de teus sentimentos, devoção e destruição. 

Saí do teu mundo, naquele átimo de meu tempo, conhecendo a fundo a tua essência de vida e de arte, traduzida em metal, mármore, gesso e sentimentos espalhados por cartas esculpidas de paixão, em tua loucura. 

Entrei hoje pelo presente das minhas memórias à lembrar de ti e daquela primeira grande exposição de arte - da tua arte, Camille Claudel! - que definitivamente foi sensível ao início da jornada de sonhos e verdades ao coração.

Marcelo [Ciello] Poloni

* relato de um tempo menino, descobridor de artistas e sentimentos, lá em 1997  e da exposição Camille Claudel, projeto Pinacoteca no Ibirapuera.

* para saber e ver mais: [AQUI]
* ver, ouvir e sentir: [AQUI]
* Cartas de amor em arte: [AQUI]
* A artista que amou demais: [AQUI]
* Trailer oficial do filme Camille Claudel, 1989: [AQUI]
* Sessão pipoca, um encontro perfeito entre Adjani e Camille... uma cena, um fragmento e o encontro com a sensação de viver a paixão em arte:



15 comentários:

  1. Carta esculpida de arte. Arte entalhada no vento.

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  2. Deixo a maioria de vocês meus leitores um mimo de agradecimento por me suportar nessas 500 mensagens.
    Você foi uns dos citados, e espero que goste!
    Desculpe pela mensagem genérica, mas haja dedo pra linkar mais de 50 pessoas né?

    Grande beijo.
    S.A.M O CLOSE
    e
    S.A.M Eterno Garoto

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  3. seu texto é poesia pura, magnífico!

    ela amou tanto Rodin... e Isabelle Adjani esta soberba neste filme

    beijos meu amigo que tem tanta sensibilidade

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  4. ah, eu sabia que conhecia as esculturas...
    minhas aulas de história da arte serviram pra alguma coisa...


    ps: parabéns pelo texto, tá lindo!

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  5. só vou falar isso:

    Amo esse filme

    Amo Rodin e Camille

    e seu texto: CARALEO!!!!!

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  6. sem palavras......
    “Temos a arte para que a verdade não nos destrua.” (Nietzsche)

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  7. Olá Ciello
    Fui ver uma exposição das obras de Camille, e fiquei maravilhado, tal como estou agora com seu texto.
    Bjux

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  8. Encontro das artes: a obra de Camille embelezada mais ainda por seu talento com as palavras e sensibilidade acentuada - já te disse isso: num mundo bruto como os de hoje, ter alguém com os sentimentos tão aflorados que consegue extravazar toda sua grandeza como vc é um oásis!

    Palmas!

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  9. É tanta profundidade de sentimentos, que me sinto raso. Piscina rasa. Hehehee!!!! E pelo que entendi vai rolar gang-bang com a bundoquinha do SAM???????? Hhahahahahahaha!!!!!!

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  10. Gatão inspirado... o selo é para quem quiser e se sentir parte de Blogsville... e vc já é morador, né? Hehehehe! Então basta colar, usar, divulgar e tudo mais que desejares. És bem vindo! Hehehe!

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  11. Belíssima carta meu caro, com Claudel com Rodin, uma combinação que resulta uma paixão da arte das pedras aos sentimentos dos nossos gestos! Maravilha!

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  12. Oi, Ciello. Que lindo o texto. Que honra vc no meu blog! Pois é, resolvi fazer um blog também, mas ainda estou engatinhando. Aceito dicas, sugestões!!! Abs.

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  13. alguns sentimentos únicos são para sempre.


    bjsmeus

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Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade. Entender é uma criação, meu único modo. Clarice Lispector.

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