Fui ao teu encontro estrela cadente do meu céu de tantas possibilidades. Busquei por teu corpo e alma em cada canto desta selva - fonte de tantas outras perdições neste tempo árido de sentimentos puros - pois sabia que abrigavas a chama de um coração verdadeiro, bruto, ilimitado e complexo.
Vi, por tuas mãos pequenas, delicadas e dilaceradas no ofício que a conduziste do amor, pelos caminhos da paixão, como presa fácil, às grades da loucura, realizações materiais que, mesmo estáticas neste tempo que passou, deram-me impressões fluídas de teus desejos.
Fiz deste momento de observação de tua vida em arte, um encontro sublime de fruição contemplativa. Chorei por ti. Chorei por mim. Chorei por nós. Naquela tarde de domingo éramos únicos, partes entrelaçadas de um mundo perfeito, agarrados a nossa mais pura verdade, embriagados de carinho e esperança.
Descobri, naquele dia, um sentimento único por ti em teus olhos perdidos no infinito, que não ficaram tão conhecidos, pois, injustamente, mantiveram-se à sombra de teu mestre, razão de teus sentimentos, devoção e destruição.
Saí do teu mundo, naquele átimo de meu tempo, conhecendo a fundo a tua essência de vida e de arte, traduzida em metal, mármore, gesso e sentimentos espalhados por cartas esculpidas de paixão, em tua loucura.
Entrei hoje pelo presente das minhas memórias à lembrar de ti e daquela primeira grande exposição de arte - da tua arte, Camille Claudel! - que definitivamente foi sensível ao início da jornada de sonhos e verdades ao coração.
Marcelo [Ciello] Poloni
* relato de um tempo menino, descobridor de artistas e sentimentos, lá em 1997 e da exposição Camille Claudel, projeto Pinacoteca no Ibirapuera.
* Cartas de amor em arte: [AQUI]
* Sessão pipoca, um encontro perfeito entre Adjani e Camille... uma cena, um fragmento e o encontro com a sensação de viver a paixão em arte: