Há um tempo muito distante, em nossa imaginação, na terra dos gigantes “pamps”, vivia um Príncipe, com seus vinte e poucos anos, cabeças nas nuvens e isolado em seu mundo virtual. Nesta terra havia um Rei desiludido por seu passado, que buscava seu amor verdadeiro, definitivo e leal, através das cartas que seu, já cansado, pombo-correio tentava entregar àquele príncipe distraído.
Em um golpe do destino, em um de seus passeios pelos campos de verdejantes “ubliks”, aquele príncipe defrontou-se o pombo-correio-real de asas abertas no chão, quase sem fôlego algum, e que carregava o último e derradeiro convite de visita ao castelo real. Estupefacto com a mensagem, em galopes rompantes de curiosidade, montado em seu corcel prateado, o príncipe foi ter com seu rei um primeiro encontro.
Um perfume de notas envolventes, preparado pela bruxa boa conselheira dos lados de lá, transbordava da pele do rei para todo o salão, provocando visões mágicas sobre o príncipe, que absorto nos lábios reais, viu um caminho de estrelas, pressentindo que, ali, naquele momento, começava uma nova primavera para sua vida.
O rei, muito esperto e com anos a mais de vida e experiência, tratou de envolver o príncipe por todos os sentidos, sem deixar dúvidas de sua real intenção de cultivar conjuntamente uma nova era de alegria. Não houve escapatória. O príncipe, mesmo fugindo para longe, atravessando mar das “ongs”, pequenas sereias, não se deixou ludibriar. Estava com o caminho de volta traçado em sua memória.
Neste tempo de separação, o jovem ganhou maturidade. Aprendeu a lidar com suas próprias fraquezas e dificuldades. Evidenciou-se que sua união com o rei era definitiva, marcada pela saudade, que revela, na sua essência, sentimentos mais profundos que se agigantam para mostrar à luz de sua intensidade, um verdadeiro amor.
Bravura não faltava ao príncipe que, já entregue e consumado no casamento real, enfrentou grandes desafios diante de um dragão maquiavélico que se espreitava nas sombras de seu bravo Rei, esperando o momento propício para congelar-lhe a alma.
Neste quase onze anos de relacionamento o tal dragão tentou, uma vez mais, render-lhes o corpo e lançá-los no precipício, mas, tanto o rei quanto seu príncipe, com a vontade de amar e de viver intensamente, reuniram forças e, junto, conseguiram agarrar-se a teia da esperança para alçaram a torre do castelo.
A mística da cabala não mente, duas almas gêmeas que se encontram resistem ao tempo. Suas almas tentem a se fundir novamente, complementando-se, somando, ensinando e aprendendo a desvendar os mistérios da convivência em amor e ternura.
Revigorados e cada vez mais unidos o Rei Maurício e o Príncipe Eduardo, construíram, enfim, uma fortaleza para morarem juntos e, para bem perto dali, trouxeram seus aliados de forma a protegê-los com tanto carinho quanto aquele que emana entre si, e para todos nós, de seus nobres corações apaixonados...
Marcelo [Ciello] Poloni
ps.: esta fantasia não se fez de ilusão, é um encanto de um sonho real, realizado. Algo assim.... Supimpa!
Desde criança, lá pelo início dos anos 80, tempo que me lembro de fato, sentava na sala com minhas mães na época do carnaval para ver o concurso de fantasias do hotel Glória. Depois passavamos a noite assistindo os desfiles das escolas de samba. Eu apenas olhava e via muita cor, muito brilho, formas fantasiosas e, de fato, eu pouco entendia sobre aquilo que via, mas entre um cochilho e outro, vislumbrava aquele universo de sonhos a bailar na tv de 20".
E assim seguiu-se o tempo. Para todo ano novo que chegava a expectativa daquele momento aumentava e com a temporada carnavalesca: reportangens, noticias, imagens de batidores e enfim o desfile pela televisão. Minha familia não tinha dinheiro para comprar um video-cassete para registrar aqueles momentos (isso só aconteceu em 1992!!!!!! ) e então era o único momento de contato com este universo criativo.
Em 1983 eu senti uma emoção muito forte, aquela tal de Beija-Flor de Nilópolis ganhava o carnaval em homenagem as "A grande constelação das Estrelas Negras da Ribalta"!, pulei, joguei confete e serpentina e fazia de um momento isolado meu carnaval. Joãosinho Trinta era o carnavesco que minhas mães admiravam e que eu também passei a gostar muito e era da Beija-Flor! Nossa casamento perfeito de emoções.
Lá por 1986 eu ganhei um gravador de Natal! e com ele meu primeiro K7 com os sambas-enredo. Nossa, agora eu podeira ouvir antes e compreender o que era apresentado! Que evolução! Que felicidade! Descobri as Mágicas luzes da Ribalda da Beija-Flor, O mundo encantado das palavras de Carlos Drumond de Andrade na Mangueira, a Tupinicópolis delirante da Mocidade, O ti-ti-ti do sapoti na Estácio me explicava de onde vinha o Tutti-Fruti! Que mágico! Adelaide era a pomba da paz da Portela e um lirismo único em samba-enredo banhava as Raízes da Vila Isabel em sua história indígena.
Não, ainda me faltava muita base de conhecimento para entender aquilo tudo mas, já era uma marca definitiva em minha história que se acumula até agora. Muitos carnavais se passaram em frente a TV. Em 1996 ganhei meu primeiro computador e abri as portas da folia para recordações, sentimentos e mais informação. Me faltava ainda aquele momento de ver tudo ao vivo mas faltava igualmente o dinheiro para tal empreitada. Fiz contatos e criei vínculos com pessoas importantissimas no Rio, No Ceará e no Brasil todo.
Me formei, comecei a trabalhar num banco, mudei pra Sampa, passei muito perrengue mas, no carnaval do ano 2000 fui lá no Anhembi ver os desfiles paulistas. Não foi a mesma coisa. Estava eu acostumado, familiarizado com jeito de desfilar carioca e sua opulência visual, praticamente um cortejo barroco (e é). No ano seguinte, depois de uma ajudinha de uma mãe pra toda vida, lá fui eu com minha prima para o Rio. Aeroporto Congonhas -> Santos Dumont, Rio visto do alto. Coração palpitando primeira viagem dita assim, importante! Hotel Glória, estou aqui e também o concurso de fantasias. Fechei o primeiro ciclo! No dia seguinte tudo começava num turbilhão de muitas emoções....
Viver intensamente aquele momento único da vida que nos define como parte de um coletivo e este, em total sintonia com uma única fonte, transforma qualquer sensação em sonho realizado. A euforia se mistura com a ansiedade e modifica tempo e espaço, que vai para além da compreensão física. Perdemos os sentidos numa catarse uníssona e radiante.
A junção das emoções se reflete em manifestações corporais, sentimentos aflorados, pensamentos vibrantes e arrepios intermináveis para além da compreensão daqueles que não tem essa "paixão" latina. Intensidade, calor, devaneio! Estamos todos próximos do divino quando assim nos encontramos naquele momento.
Você não está só!
Eu te compreendo.
Sei bem como é!
Não somos frutos de uma sociedade pasteurizada que nos força a um "viver" limitado, sem expressão, medíocre.
Podemos ser mais e devemos ser nós mesmos.
Conviver em completa comunhão com nossas alegrias é encontrar o divino a cada instante.
Trabalho, rotina, burocracia? Devemos e podemos conviver com tudo isso também! Mas fazer nosso caminho da melhor forma, colhendo os frutos do trabalho e aplicando em nossas alegrias, das mais comuns e mundanas às mais elaboradas e especiais. Dar-se ao prazer do ócio também. Se faz necessário repor e compor nossa mente de vazios para que esteja sempre fresca e ávida por novidades mas sempre guardando em memória aquilo que lhe é mais caro, raro e em essência, único.
Não há quem explique a relação de um fã, seja ele de qualquer idade, com seu ídolo, sua fonte de energia.
Há um coletivo de sonhos diversos
ARTE
em todas as suas variações.
Estamos todos juntos.
Nós merecemos.
O ser humano se encontra, muitas vezes, não no reflexo, mas na diferença.