quinta-feira, março 03, 2011

Sonhos do Vice-Rei

Desde criança, lá pelo início dos anos 80, tempo que me lembro de fato, sentava na sala com minhas mães na época do carnaval para ver o concurso de fantasias do hotel Glória. Depois passavamos a noite assistindo os desfiles das escolas de samba. Eu apenas olhava e via muita cor, muito brilho, formas fantasiosas e, de fato, eu pouco entendia sobre aquilo que via, mas entre um cochilho e outro, vislumbrava aquele universo de sonhos a bailar na tv de 20".

Varios  ArtistasE assim seguiu-se o tempo. Para todo ano novo que chegava a expectativa daquele momento aumentava e com a temporada carnavalesca: reportangens, noticias, imagens de batidores e enfim o desfile pela televisão. Minha familia não tinha dinheiro para comprar um video-cassete para registrar aqueles momentos (isso só aconteceu em 1992!!!!!! ) e então era o único momento de contato com este universo criativo.

Varios  ArtistasEm 1983 eu senti uma emoção muito forte, aquela tal de Beija-Flor de Nilópolis ganhava o carnaval em homenagem as "A grande constelação das Estrelas Negras da Ribalta"!, pulei, joguei confete e serpentina e fazia de um momento isolado meu carnaval. Joãosinho Trinta era o carnavesco que minhas mães admiravam e que eu também passei a gostar muito e era da Beija-Flor! Nossa casamento perfeito de emoções.

Lá por 1986 eu ganhei um gravador de Natal! e com ele meu primeiro K7 com os sambas-enredo. Nossa, agora eu podeira ouvir antes e compreender o que era apresentado! Que evolução! Que felicidade! Descobri as Mágicas luzes da Ribalda da Beija-Flor, O mundo encantado das palavras de Carlos Drumond de Andrade na Mangueira, a Tupinicópolis delirante da Mocidade, O ti-ti-ti do sapoti na Estácio me explicava de onde vinha o Tutti-Fruti! Que mágico! Adelaide era a pomba da paz da Portela e um lirismo único em samba-enredo banhava as Raízes da Vila Isabel em sua história indígena.
http://www.pelourinho.com/carnaval/2001/GrandeRio/images/Foto11_jpg.jpg
Não, ainda me faltava muita base de conhecimento para entender aquilo tudo mas, já era uma marca definitiva em minha história que se acumula até agora. Muitos carnavais se passaram em frente a TV. Em 1996 ganhei meu primeiro computador e abri as portas da folia para recordações, sentimentos e mais informação. Me faltava ainda aquele momento de ver tudo ao vivo mas faltava igualmente o dinheiro para tal empreitada. Fiz contatos e criei vínculos com pessoas importantissimas no Rio, No Ceará e no Brasil todo.

Me formei, comecei a trabalhar num banco, mudei pra Sampa, passei muito perrengue mas, no carnaval do ano 2000 fui lá no Anhembi ver os desfiles paulistas. Não foi a mesma coisa. Estava eu acostumado, familiarizado com jeito de desfilar carioca e sua opulência visual, praticamente um cortejo barroco (e é). No ano seguinte, depois de uma ajudinha de uma mãe pra toda vida, lá fui eu com minha prima para o Rio. Aeroporto Congonhas -> Santos Dumont, Rio visto do alto. Coração palpitando primeira viagem dita assim, importante! Hotel Glória, estou aqui e também o concurso de fantasias. Fechei o primeiro ciclo! No dia seguinte tudo começava num turbilhão de muitas emoções....

Continua.... acima....

Marcelo Poloni.

9 comentários:

  1. Hummm! Concurso de fantasia? sei não, isto é coisa de gay..rs Clóvis Bornay Feelings

    Em algum dia no meu passado eu gostei de carnaval, não sei em qual curva este "Gostar" ficou pra trás. Talvez tenha ficado naquela estradinha de terra daquela história que te contei, da qual iamos em meu carro (cheio dazamigas) todas com calça vermelha da Zoomp, para um carnaval temporão em uma cidadezinha chamada Carmo da Cachoeira e o carro fundiu tipo Priscila rainha do deserto! Mais mico impossível...

    Escrevi muito né! hoje estou com preguiça de trabalhar...

    Quero ver o Gala Gay este ano para ver você sendo entrevistado na porta do GG pelo pânico junto com as amigas do Rio.

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  2. qtas memórias ... eu me lembro dos desfiles de gala do Municipal e do Glória onde o luxo de Evandro de Castro Lima e Clóvis Bornay se destacavam e tb a originalidade de Wilza Carla ...

    tb tinha os bailes do Tamoyo em Niterói ... este conheci ao vivo ...

    saudades

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. eu tinha esse disco dos sambas de 1987!
    e você me fez voltar ao tempo também querido.
    um tempo que não volta mais, é claro, mas é sempre bom recordar.
    assistia com minha, madrinha, tia e mãe ao desfile de fantasias do Glória assim como você e os da minha cidade. era tudo um luxo. sempre gostei mais de ver carnaval. ainda gosto aliás. troco tudo pra ver o desfile das escolas hahahaha
    sempre fu mais caseiro do que de farra mas quando ia me divertia com meus amigos. aliás acho que carnaval pra mim é mais isso: estar com os amigos

    beijão queridão e bom carnaval

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  5. Querido, adoro ler o que escreve...
    ainda mais quando o assunto te emociona...
    emocionei também...
    Beijos.

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  6. toda vez q eu volto p rio de ua viagem fico imaginando quem tá chegando pela primeira vez e essa sensação q vc descreveu q eu sempre imagino.

    fico feliz q a minha cidade é querida.

    qt a carnaval, melhor época do ano ever. mas o bom mesmo são os blocos de rua. escola de samba acho q q só nos anos 80/90 que vc tnt lembrou aqui.

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  7. Oi Pops.
    Lindo texto, emocionante, nós malucos por esse mundo do samba sabemos o quanto é emocionante ver tudo isso, mesmo que as coisas tenham mudado tanto.
    Beijos e até breve.
    Cobalsky

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  8. Lindo texto da sua lenda pessoal. Lindo!

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  9. Achei lindo sua escrita. Bacana algo ser tão bonito pra ti.

    bj

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Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade. Entender é uma criação, meu único modo. Clarice Lispector.

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