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domingo, setembro 11, 2011

Noite de Abril

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Hoje, noite de Abril, sem lua,
A minha rua
É outra rua.

Talvez por ser mais que nenhuma escura
E bailar o vento leste
A noite de hoje veste
As coisas conhecidas de aventura.

Uma rua nova destruiu a rua do costume.
Como se sempre nela houvesse este perfume
De vento leste e Primavera,
A sombra dos muros espera
Alguém que ela conhece.

E às vezes, o silêncio estremece
Como se fosse a hora de passar alguém
Que só hoje não vem.


quinta-feira, julho 21, 2011

Um espaço no Mundo

tumblr_lolbctVdta1qz4d4bo1_500Não sei meu espaço no mundo. Por vezes me sinto do tamanho diminuto de um estreito fio de mar comparado ao colossos continentais que posso separar. Por vezes me sinto o próprio oceano de milhares de gotas a bailar no deslocamento da rotação terrestre.  

Me descobri forte e resistente ao tempo. Não sabia que era assim até descobrir minha próprima natureza transformadora que rompe a devastação, provocada por  uma erupção vulcânica, com o suave crescimento de uma nova vegetação, úmida do orvalho matutino primaveril, em meio a novas flores, novas cores e novas sensações. 

Não sei meu espaço no mundo. Por vezes me sinto um grão de areia no deserto de tantos olhares de ocas sensações em prazeres pueris, efêmeros, cujo gosto não se prolonga por mais que um átimo de lembranças futuras por pretéritos imperfeitos, imprecisos, restos. Não voltam mais. Por vezes sinto-me a própria esfinge, soberana e altiva em sua história, a decifrar cautelosamente os mistérios de todos os que passam por seu olhar.


Me encontrei nas estrelas, nas constelações, nas nebulosas. Extrapolei meus limites e voei alto para muito além da imaginação limitada da rotina cotidiana. Dei-me o direito de sonhar, de ver além do óbvio ululante e não deixar fenecer a alegria da espontaneidade, na complexa aventura do descobrimento, mas encaro a realidade como ela é. Aceitando-a, subverto seus parametros no meu universo particular.

Ainda não sei meu espaço no mundo e talvez nunca saiba. Sei que me sinto como em uma manhã de sol, aquecendo, depois de madrugada fria, cada pedaço de minha pele com conforto de sentimentos vibrantes, com as sensações próprias de uma nova primavera. Quero ter seu sol em órbita constante nestas estações de minha alma que ocupa por indefinido, todo e qualquer espaço no mundo de pensamentos meus, teus e enfim, nossos.

Marcelo Poloni

quarta-feira, julho 13, 2011

Lavrador de Poesias

I am the kindest soul with whom you've connected
I have the bravest heart that you've ever seen
And you've never met anyone
Who is as positive as I am sometimes


You see everything
You see every part
You see all my light
And you love my dark
You dig everything
Of which I'm ashamed
There's not anything to which you can't relate
And you're still here
And You're still here...

And you've never met anyone
Who is as everything as I am sometimes

Everything Is Everything

Everything is everything
What is meant to be, will be
After winter, must come spring
Change, it comes eventually

I wrote these words for everyone
Who struggles in their youth
Who won't accept deception
Instead of what is truth

Let's love ourselves then we can't fail
To make a better situation
Tomorrow, our seeds will grow
All we need is dedication

After winter, must come spring
Change, it comes eventually


Um regresso a cada nova inspiração
das ondas de teu oceano de carinhos.
Navego por teus olhos de vênus
guiado pelo brilho de tua alma
para me encontrar no teu infinito.

Sou o céu, no encontro do teu mar.
Lavre teus sentimentos pelo caminho de minhas estrelas
refletidas em teu corpo liquido.

Marcelo [Ciello] Poloni

quarta-feira, junho 29, 2011

Palavras ausentes

A realidade devora todo o cotidiano como um instinto de sobrevivência selvagem diante da fome de vida.
Fui pescar sonhos onde o infinito dos meus olhos não mais conseguem enxergar pensamentos.
Restaram palavras, imagens e sensações de um futuro imaginário, sempre presente.

Tento traduzir o meu vazio em cada espaço e inundá-lo de esperança. 

Vou seguindo de saudade em saudade na busca de um grão da areia do tempo.

Guardá-lo-ei como memória infinita de carinhos teus.

Tu és um muito de mim e sou um muito de ti.

Eu voltarei por aqui, em breve. 

Marcelo [Ciello] Poloni

quarta-feira, junho 22, 2011

Vento Leste, entre o deserto e o oásis imaginário

Ele não era apenas um leitor que consumia livros para fazer um resumo sistemático e pré-programado de conteúdo. Tampouco o fazia para dizer ao "mundo" que era culto com sua capacidade de fruição. Buscava a essência, a razão e seus desdobramentos, épicos ou não, de leitura.

Clarice Lispector trouxera-lhe intensa divagação sobre a vida, para perceber as relações e sentimentos na observação do mundo e das pessoas a sua volta, unindo-o significativamente a outras pessoas e a uma delas em especial, o "Vento Leste". Foi através dele que se aprofundava em descobrir um coração. Verde fruto proibido da árvore da vida que sua mão não conseguiu colher naquele tempo.

Um grande mistério ainda pairava entre eles. Nas muitas conversas e encontros, regados a intensas trocas, sempre foi sensível que a amizade, beijos e carinhos pareciam não ser recentes. Sempre foi perceptível uma misteriosa sensação de que se conheciam há séculos. Conheceriam ainda, e intimamente, sentimentos, entre alegrias, expectativas e frustrações.

Por um tempo que ele achou que aquele vento, de natureza divina, que habitava seu pensamento, quisesse ir além. E quis. E foi! Mas recuou sem explicação palpável. Ele, mesmo doído pela negação da tentativa de se construir um caminho, que não saberia onde o levaria e tampouco o importava, não quis perder a companhia do vento e recuou em suas expectativas, que até então, antes da lufada crucial daquelas palavras soltas, era apenas brisa sonhadora de tardes de domingo.

Já era tarde àquela altura. Ele foi levado pelo Vento Leste que arrebentou todas as janelas e proteções. Não conseguia mais sentí-lo como a brisa de uma amizade, mas mesmo assim tentou segurar-se em terra, lançado a espera de um posicionamento e, em meio a rajadas fortes, que trouxerem intensas chuvas a seus olhos, foi de peito aberto ao outros encontros. 

Soubera, de antemão, que a turbulência daquele vendaval não seria fácil de lidar mas, como poucos, sobreviveu em seu convívio, em seu carinho e em suas recordações. Sempre que ventava no seu caminho à leste, perdidos carinhos e afeições típicos de um bem querer maior. Sua própria inconstância e falta de rumo? De fato já havia um outro caminho por onde o Vento queria seguir. Ele já sabia disso, mas seu coração, sempre carinhoso e apaixonado, não. 

Chegaram aquele domingo derradeiro de suas frustrações cotidianas e afetivas. Insensível e sem a menor humanidade, e tal qual fúria da natureza, o Vento Leste não soube responder ao telefone, naquele começo de noite, com um "não posso hoje, estou acompanhado", para preservar um mínimo de dignidade. Levou-os, em minutos, da mais alta felicidade de uma tarde bem vivida, ao mais baixo nível da humilhação.

Ele saiu às pressas daquela tarde carinhosa de sol de outono para que o Vento pudesse se entregar ao prazer da efêmera conquista de seis andares acima naquele edifício, mas que não poderia conceder-lhe nada além do proibido de um jardim de ilusões pois, por infortúnio de sua condição de vida, com as "promessas sagradas de amor eterno", era casado a outro ser humano feminino e tinha com sua prole. O vento tinha sua meia-vida, um meio termo afetivo. Para o outro esta condição nunca lhe bastaria, enquanto uno que era.

Expulso, naquele momento crucial de ter que ir embora às pressas, Ele usou de toda a força interior que lhe restava para traduzi-la numa verborreia de verdades que, mesmo não sendo ouvidas ou compreendidas, esperava ter peso absoluto sobre sua consciência, iluminando-o no caminho que quisesse traçar para seu futuro. 

Neste tempo de sonhos, licores e pudins, em meio a afeto, carinho e proximidade, poucas foram as respostas às mais diversas perguntas traçadas. Tal qual esfinge, que finge não se importar, o Vento Leste continuou a fazer seu remoinho de areia no deserto de sua existência que um dia quisera Ele transformar em oásis imaginário.

Ele foi embora deixando um verde coração partido no infinito e talvez venha apenas a sussurrar, na brisa solitária do oceano que, mesmo assim, compreendera o porque das fortes rajadas daquele vento, que o entedia também, por causa de suas íntimas e únicas passionalidades, em personalidades que talvez somente Clarice, possa traduzir em verbos e predicados, sujeitos que eram a ação contínua do tempo. 

Marcelo [Ciello] Poloni

Saudade,
O carinho é como o vento
que não pode ser visto
mas sempre ao senti-lo
saberá que está lá
No leste




sexta-feira, junho 03, 2011

Qual o seu Tempo?

Pelo Tempo: Caminho, vou seguindo.
Tempo presente:  Realidade, distante estou.
Tempo Futuro: Sonho, uma constante.
Tempo Passado: Memória, experiência de vida
Tempo de sorrir, chorar: Sentimentos, alma em momvimento
Tempo para tudo: Disposição, Desafio da prática.
Tempo congelado: Imagem, Inspirações estáticas
Tempo perdido: Desperdício, acelerar o agora.
Tempo conquistado: Fôlego, pensar melhor o amanhã.
Tempo adiantado: Afobado, relaxar os sentidos.
Tempo de descoberta: Jornada, da alma ao coração.
Tempo de Ir: Partida, desafio o desconhecido.
Tempo de voltar: Reencontro,  expectativa.
Tempo meu: Indivíduo, meu Eu de verdade.
Tempo nosso: Cumplicidade, caminho conjunto.
Pelo Tempo: Encontro-o, Vamos?

Qual o seu tempo? Faça um tempo seu, para que seja nosso!

Marcelo [Ciello] Poloni

terça-feira, abril 05, 2011

Força da Mata


O Vento vem e vai. Perde-se no tempo. Emudece o coração.
Traz o cheiro de mato depois da chuva. Terra nua.
Selvagem natureza que veio do interior.
Riqueza mineral em cristalina melodia.
Luz, cor em tempestade de sentidos.
Sentimentos.
Soltos.
Ao vento.

Meu vento sopra forte. Levará para longe a chuva em meus olhos e cristalina será a visão seguinte do arco-íris ao meu redor.

Poetisa da voz em sublime melodia, timbre que veio do Centro-Oeste, exótica referência que pulsa Brasil afora, Vanessa da Mata brinda hoje o blog em sua primeira aparição. Lembrando sempre que sua troca e colaboração com Marcelo Jeneci sempre será motivo de eufórica comemoração. 


Marcelo Poloni

segunda-feira, abril 04, 2011

Dos Ventos, A rosa


Tenho uma ventania dentro de mim que não tem explicação.
Simplesmente surgiu como a fagulha que fez o big-bang e vem se transformando como o universo.
Questionado do porquê deste remoinho que me consome, também não soube explicar.
Não tem direção. Vai e vem com o tempo e me joga à leste de sensações na volta ao sul,
tal qual uma nau errante de sentimentos, entre flores, licores e pudins.
Do perfume da rosa à doce essência vermelha, tem gosto de sentimento. Puro.
Nem sempre dá tempo de fechar a janela para que o vento leste desvie o caminho.
Ele sabe por onde entrar e se fazer presente. Imagens musicais.
Marcará no corpo a essência de um carinho, formatado de inspiração.
Gravará na pele, e não em areia, que se desmancha, um coração.
Ciclo infinito de recordações.
Venta pelo eterno de minha alma.

Marvin Gaye - Yesterday

Para o hoje, para o ontem e quiça para sempre.

Marcelo Poloni

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Ode ao Final de Semana

Afrodite, Eros e Pã 100 a.C - Artista Desconhecido
Museu Arqueológico Nacional, Atenas 

Hino a Pã

"Ânsia de Luz, desejo envolvente
Meu homem, meu amante
Vem a mim atravessando a noite
De Pã! Io Pã!
Io Pã! Io Pã!
Cruza os mares sem fim
Vem da Sicília, vem da Arcádia, vem a mim!
Vem com teus faunos, Baco amigo
Arrastando ninfas e sátiros contigo
Em um jumento, cruza os mares sem fim
E vem a mim, a mim!
Vem com Apolo, vestido de noiva ardente
(Pastora, Serpente)
Vem com Artemis em passo fogoso
E lava a tuas brancas coxas, meu deus formoso,
Na lua que banhados bosques, nos marmóreos montes.
No amanhecer estrelado de belas fontes!
Afoga no vermelho apaixonado da oração
Em santuário escarlate, rubro alçapão,
A alma de olho azul, esbugalhado
A observar teus desejos desenfreados
Nos bosques fechados, a audácia demente
Da árvore viva que é o espírito, é a mente
E é a alma do corpo...Cruza os mares sem fim,
(Io Pã!, Io Pã!)
Vem Deus ou Demônio, vem a mim, a mim!
Meu homem! Meu macho!
Vem soando trombetas e fanfarra
Cruzando os montes em algazarra!
Vem com o rugir dos tambores
Vem das fontes dos amores!
Vem com a flauta, e o flautim!
Estou Pronto! Vem a mim!
Eu, que espero e me debato, sem repouso
No ar vazio sem lugar de pouso
Meu corpo cansado de abraçar o vazio
Forte como um touro, como um animal em cio
Vem, ah vem!
Estou desfalecido
Pelo solitário desejo enlouquecido
Penetra a espada, o aguilhão ardente
Devorador, Incandescente;
Dá-me o sinal do Olho Aberto
E entre as suas coxas o teu símbolo ereto
E o verbo da loucura, secreto
Ah Pã! Io Pã!
Ah Pã! Io Pã Pã! Pã Pã! Pã
Eu sou um homem, um dos teus
Faz o que queres, grandioso deus!
Ah Pã! Io Pã Pã! Estou demente
Pelo anelo da serpente,
A águia rasga e rompe seu perdão;
Os deuses já se vão:
Que venham as feras, Io Pã! Nasci
Para ser morto, corneado
Pelo Unicórnio desenfreado!
Sou Pã, Io Pã Pã! Sou Bacante
Teu homem, teu amante,
Sou cabritos dos teus,
Sou ouro, sou deus,
Carne do teu osso, enfeite do teu falo,
Equinócio e solstício, percorro e encerro,
Correndo em meus cascos de ferro.
E entro em delírio, estupro, saqueio, rompo
Eternidade afora, para além do tempo
Fantoche, macho, donzela, cortesã
No poder e na força de Pã.
Io Pã! Io Pã Pã Pã! Io Pã!"

Aleister Crowley (Tradução: Dalva Agnes Lynch)

Marcelo [Ciello] Poloni

*Colaborção do meu amigo João Cagnin, que transforma todas as manhãs em inspiração! Beijo meu querido!

segunda-feira, janeiro 31, 2011

Caminho para a eternidade

Fiz um esboço de fenix antes das aulas de estilização. Não foi de observação ou de sobreposição de papel vegetal, trabalho com massas de cor, luz e sombra. Começou com a cabeça, asas e um resto de corpo que não coube por completo naquele papel em 2006. Ficou lá parado na minha pasta de desenhos de prancheta. No sábado, depois de saber que "não poderia receber nada a altura do carinho", senti que precisava finalizar aquele esboço e lá fui eu digitalizar o passado, hoje tão presente em essência, que fica, e não um perfume, que evapora pelo tempo.

Sente na pele,
Queima
Arde
Solitária
Vida.
Paira no corpo
Divina
Renasce,
Fênix.

E que um dia será minha tatuagem, exclusiva, única, e que um dia, quem sabe, possa estampar um outro alguém... mas isso é uma outra e longa história para ser contada e vivida.

Marcelo Poloni

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Ares de Primavera

- A Primavera 1478 - Botticelli - 
Galleria degli Uffizi, Florença - 
"Ares de Primavera"

Flor perdida no vento,
mensageira que veio de longe
traz letra cifrada em suas pétalas,
traz cor que desconhecia,
traz luz que pensei perdida.
Flor celeste, girassol lunar.
Não traz voz, mas pulsar cardíaco.
Sorri, pois sabe que lhe espero.
Olhe-me, e lhe descubro oculta.
E finge estar perdida,
mas sei que lhe encontro.
E acompanha horas que se foram,
E se aninha no crepuscular da tarde,
na aurora que rompe a madrugada.
Flor que viajou despida de corpo,
que veio apenas na forma de essência.
E visita para depois deixar apenas fragrância,
perfume que encanta e traduz saudade.
Saudade de que, se é objeto oculto?
Se faz-se de mentira cheia de verdades?
Buquê de rosas, espinhos e pétalas.
E no toque de carícia, 
oculta-se nos espelhos, 
no mundo virtual de sua irrealidade.
E brinda o cálice de doçura e fel,
pois que traz contradição de ser.
E ser é inevitável, não tem rota de fuga,
pois que se encontra no horário,
na data marcada, no tempo perdido,
nas vozes que cantam uma canção,
nas poesias que desfizeram-se em sílabas
que desmontaram-se em letras,
que fizeram o caos viver em harmonia,
que criaram sementes na primavera,
que fugiram levando os outonos,
que roubaram o frio do inverno
e criaram o seu próprio verão.
E no calor de si, no afeto suave,
fez-se beijo na face, trocou carícias,
para depois depositar-se nos lábios
que, em seu silêncio, perderam palavras.
Murmuram dizeres, sons sem sentidos
que brotaram em significados,
em sentidos e sentimentos
que, por fim, fizeram-se emoções
que repousaram num cantinho do coração.

Gilberto Brandão Marcon

Marcelo Poloni

* João Cagnin colaborou para este post. Obrigado querido!


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