segunda-feira, junho 13, 2011

Refúgio das Palavras Francesas

E ele foi...

Já tinha estudado a vida e cursado sua trajetória. Aventurou-se pelo caminho efervescente de novidades da capital paulista para ser mestre em saber. Pública universidade, professora de vaidades, trapaceou suas expectativas. Dissertação perdida no desenlace de suas letras bem escritas.

Sentou à margem da estrada para pensar. No social caminho das esmeraldas pelos rincões de Goiás ganhou um pouco de vida. Sem maiores expectativas aceitou aquele convite de ir além. Com sua modesta poupança de alguns tostões seguiu o caminho de tantos outros na sorte de ganhar muito mais que a vida.

O rapaz das palavras francesas abandonou sua fluência para aventurar-se por outra linguagem falada na América terra dos das oportunidades. Foi mais uma vez ludibriado em histórias mal contadas. Lançado ao choro de outra vida tinha pouco tempo para ganhar a sua. Mãos atadas, limpeza forçada, necessidade de quinhão. Procurou em afetos classificados quem lhe afagasse tanta desilusão.

O encontro marcado com aquele olhar nostálgico dos anos 70 revolucionou seu coração até então sofrido. Um resgate de sua alegria e daqueles sentimentos de companheirismo. Nunca mais se afastaram. Libertou-se daquele convívio nefasto de abusos infantis. Denunciou aquele casal “amigo” e foi-se embora para um novo encanto. Certeira morada de tanto afeto, carinho e atenção.

Tentou mudar sua condição de visto vencido estrangeiro coração. Se cá viesse, para sua pátria nação, pela lei severa, imposta condição de não poder voltar para os braços de sua americana e não reconhecida comunhão. Qualquer tentativa seria a declaração de exílio por tanto tempo que definharia em saudade.

Há nove anos Dino refugia-se em clandestina vida bem moldada no convívio de seu relacionamento com Paul. Vivem bem e, apaixonados, cada vez mais não conseguem se imaginar separados. Dino colocou-se agora a escrever neste nosso convívio de tantas letras portuguesas. O garoto das palavras francesas encontrou enfim a liberdade tão sonhada naquelas palavras inglesas de seu amor incondicional.

...e nunca mais voltou.

Marcelo [Ciello] Poloni

  Calling you ( Bagdad Cafe Soundtrack ) Cover /Javier De La Cruz

5 comentários:

  1. Ah você colocou as duas fotos juntas! Que lindo!!! Mas eu tenho saudades do Brasil sim. De chuva de verão! De vento de fim de inverno! De pão francês quentinho! Da minha mãe! Eu quero a minha maaaaaaaaeeeee! Do Lu que nunca mais volta! Das minhas irmãs e irmãos. De dar aulas de francês! Tomar banho de mar em praia de verdade...uma lista sem fim.

    Obrigado pela linda homenagem. Se eu tivesse a 1/2 da sua criatividade eu faria uma para você também. Mas você foi sempre tão fechado com sua vida particular que acho que tudo que eu escrevesse sobre você seria um reflexo, via Lu, a nossa Luz.

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  2. gente, q fofo essa sua série sobre os blogayros, tow adorando!

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  3. Sua sensibilidade é encantadora. Parabéns, a você e ao par homenageado.
    Bjux

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  4. Vc é lindo com sua sensibilidade querido ... este tema de Bagdá Café me emocionou forte por aqui ... vou tomar um café forte e amargo ...

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Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade. Entender é uma criação, meu único modo. Clarice Lispector.

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