domingo, janeiro 30, 2011

Eu matei a "Pollyana"!

fone: www.literaturaemfoco.com  
A semana que passou foi tumultuada e longas foram as conversas com minha amiga Gabriela, diretamente do trabalho, a dona da frase "às vezes os excessos são bons"! Ela passou por situações complicadas e, conversa vai, conversa vem, eu joguei a frase na mesa: "Eu matei a Pollyana" (aquela célebre garota que vê o mundo com um lado sempre otimista e esperançoso). Pronto, mentes criativas em ação. Gabi produziu um texto, eu digitei, ampliei e depois melhoramos o conjunto da obra que está logo abaixo:




Eu matei a "Pollyana"
fonte: magicrealm.deviantart.com/art
Sempre fui uma pessimista irreparável, mas minha mãe costumava a me dizer para brincar de "Pollyana": ver algo de bom em tudo e em todos, esquecer das coisas ruins, ou tristes, e buscar sempre o lado "bonito" da vida. Tanto ela insistiu que fui crescendo com esta visão romântica da brincadeira. Mas algo dentro de mim nunca morreu.

“Did I listen to pop music because I was miserable? Or was I miserable because I listened to pop music?”


Sou cria dos anos 90, sou formada de vazio, de nada. Este vazio que preenche minha alma é uma constante da minha geração, porém nunca foiassunto com os colegas da sala de aula. O vazio me machuca, enquanto alivia os outros, mas minha mãe nunca me deixou sucumbir.


Sempre vivi as margens do poeta e sua filosifia "Eu que sempre soube esconder as minhas mágoas, nunca ninguém me viu com os olhos rasos d'água, finjo-me alegre pro meu pranto ninguém ver, feliz aquele que sabe sofrer", porém, hoje eu matei a "Pollyana"! Deixei cair a máscara de carnaval, deixei mostrar a verdadeira face de quem sofre e tem a mágoa ainda correndo pelas veias.


As coisas da vida são o que são pra mim! Existe o belo e o feio e ponto final. Não quero mais fingir que tudo está bem, quando não está. Porém, não sofro mais. Sofrer é perda de tempo! Se a situação é ou está ruim e não posso mudá-la, sorrir não fará a diferença. Matar a "Pollyana" é mais uma aceitação do inevitável do que um assassinato em si.  É o exorcismo do otimista, o fim do cego que não quer ver, e como todo o fim, um novo começo.


O que é, é o que não é, não existe!


Radical? Instransigente? Exagerada? Talvez. Particularmente acho que souapenas realista. E por essa razão, porque esconder a dor não faz com que ela desapareça, por não aguentar mais procurar algo positivo em tudo, por eu não ler "eu te amo" nas entrelinhas da frase "eu te odeio", e por tudo isso, eu também, e principalmente, porque deixei de acreditar nas pessoas, que matei a "Pollyana"!



Gabriela Capuano.

coprodução e divulgação: eu mesmo,

Marcelo Poloni

ps: Logo eu mato a Amelie Poulain em mim, ou faço um exorcismo!

3 comentários:

  1. isso se chama tambem MATURIDADE...
    consegui a poucos meses... to com 40 anos...

    ResponderExcluir
  2. Adorei seu texto!
    Escrita rica e translúcida!
    Obrigado pelo carinho do texto.
    Parabéns pelo blog.
    abraços

    ResponderExcluir
  3. Amei o blog. Amei tudo.
    Amo a Amelie Poulain também.
    Esse filme (sem falar das músicas irresistivelmente boas) foi genial!

    ResponderExcluir

Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade. Entender é uma criação, meu único modo. Clarice Lispector.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...