domingo, dezembro 18, 2011

O Cortejo do Rei em Sonho Infinito e Multicor




Para muitos é uma perda banal mas para outros tantos representa o final de uma existência regida pela fantasia, criatividade e pela arte de carnaval, que aqui deve ser entendida como catalizadora de tantas outras. Foram nas noites mal dormidas de "minhas mães", diante da TV, que comecei a prestar a atenção em um tradição nacional incorporada de tantas fontes. Acordava nas manhãs seguintes e lá ainda estava a TV ligada, com aquelas imagens coloridas, roupas brilhantes, cenários grandiosos e um som diferente, contando histórias mirabolantes para meu parco conhecimento geral àquela época.

De ano em ano era uma euforia pelos meses de dezembro, janeiro, fevereiro, e às vezes, até março! Ansiava pelas noites de carnaval em busca do espetáculo, da magia, da alegria e da intuitiva fonte de novas histórias a descobrir. Preparação prévia vinha com aquela fita K7 que comprava e decorava como lições da escola, aqui regida pelo samba-enredo. Nesta escola de muitos mestres, a grande aula, daquele que se tornou o rei da folia, era regida pelo extraordinário.


Olha o Luxo Ai Gente!
O Alegoria decorada com bacias
de alumínio para lavar roupa 
e com pratinhos de plástico! 
A criatividade é o Luxo.
Fenícios, Reis de França, Salomão e a Rainha de Sabá, Sonhos e Animais, A Criação do mundo, O Olho Azul da Serpente, Estrelas Negras, Adão e Eva na Lapa, Alice no Brasil das Maravilhas, Os Negros Egípcios e o óbvio: Todo mundo nasceu Nu! Histórias, lendas e muitas criações originais! O Paraíso da Loucura era aquele momento. Do história do teatro as histórias do futebol, ARTE! Resumida em um espetáculo popular.

“Eu não mexi nas raízes, apenas arrumei vasos mais bonitos para elas!" Joãozinho Trinta

Foi em uma manhã de terça-feira de carnaval, já sonolento e ansioso pelo encontro com sua arte, seu estilo já bem enraizado na minha concepção de beleza e estética que houve um rompimento dramático. O que via ali me deixou em estado de choque, em transe. Foi complicado digerir e entender, em um primeiro momento, com aquele conteúdo cultural ainda em formação lá pelo ano de 1989, aquela ousadia, aquela total transformação de valores.


Vi mendigos, pessoas sujas com roupas rasgadas, feias. Vi lixo, vi urubus e uma faixa enigmática de uma estátua enrolada em plástico preto de lixo. Um oposto do brilho ofuscante de tantos outros carnavais. Fiquei prestando atenção aos comentários. Entendi pouco, e aos poucos, do desfile àquele momento, apenas torci, era intuitivo!

"Atenção mendigos, desocupados, pivetes, meretrizes, loucos, profetas, esfomeados e povo da rua... Tirem dos Lixos deste imenso País, restos de luxo e façam a sua fantasia e venham participar deste grandioso Bal Masqué!" (texto do convite apresentado em forma de alegoria no desfile da Beija-Flor para o seu carnaval de 1989 - Ratos e Urubus, Larguem minha fantasia.)



Compreendi, enfim, tempos depois, que naquele momento nossa sociedade "moderna" era representada por verdades épicas em forma de metáfora, crítica, ironia e protesto. Aconteciam, ao mesmo tempo, todas as artes plásticas, o drama e a comédia se misturaram, a poesia e a prosa se fundiram. Uma catarse de sentidos, sentimentos e valores. Foi a partir daquele momento que reafirmei meu gosto pela cultura, meu gosto pela ARTE. Devo grande parte de tudo isso a ele, o Grande Mestre Joãosinho Trinta.

"Quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo." Joãozinho Trinta

Não podemos esquecer de que o "luxo" a que se referia Joãosinho Trinta ia muito além daquele quantificado e qualificado em coisas materiais. Ultrapassa esse pensamento superficial que muitas pessoas (normalmente pouco esclarecidas da questão) têm sobre a "riqueza" do desfile das escolas de samba. É esse o luxo que sua genialidade propunha para o povo e que o este tanto gostava: A Criatividade!

Que seu cortejo rumo a infinito seja tão grandioso quanto foi a sua passagem pela Terra e, sobretudo, pelos meus nossos sonhos.

Marcelo [Ciello] Poloni

“Joãosinho Trinta poderia ter dito, mas não disse: nem mesmo o nosso melhor teatro consegue do público a participação que acontece no desfile das escolas de samba”. Sérgio Britto, ator e diretor que também partiu no cortejo rumo ao infinito, nesse triste dia 17 de dezembro, para o livro “O Brasil É um Luxo”.



domingo, setembro 11, 2011

Noite de Abril

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Hoje, noite de Abril, sem lua,
A minha rua
É outra rua.

Talvez por ser mais que nenhuma escura
E bailar o vento leste
A noite de hoje veste
As coisas conhecidas de aventura.

Uma rua nova destruiu a rua do costume.
Como se sempre nela houvesse este perfume
De vento leste e Primavera,
A sombra dos muros espera
Alguém que ela conhece.

E às vezes, o silêncio estremece
Como se fosse a hora de passar alguém
Que só hoje não vem.


terça-feira, agosto 16, 2011

Humanos Árvores

Limitadas essências, 
Restritas adaptações…

Gosto de olhar árvores, seus galhos, sua extensão e sua configuração no espaço vazio, no tempo que as folhas caem ou quando rodeados de verde, ou rosa, ou amarelo, ou qualquer outra cor, como nos ipês, por exemplo, que perdem sua folhagem para ganhar apenas suas flores.

Algum mistério me faz pensar na possibilidade de se expandir, de ampliar ramificações de nossa própria vida para além dos limites da gravidade ou da própria capacidade de pensar. Algo semelhante ao apenas "sentir", seja o vento, o sol ou a chuva.

Nossa vantagem é poder ir e vir e sentir diferentes condições, ambientes. A mobilidade negada às árvores limita seu espaço no mundo. A liberdade, de locomoção, condicionada ao homem pode lhe ser vantajosa, mas traz um desafio tão grande quanto uma sequóia: é preciso adpatar-se muito mais rápido ao ambiente.

Alguns humanos simplesmente estacionam no mundo como as árvores e não apenas em questões geográficas. Seus sentidos condicionam-se ao óbvio, ao limitado espaço que frequentam e não conseguem enxergar um palmo a frente de sua medíocre existência. Se ao menos pudessem embelezar o ambiente com flores, cores e odores, mas nem isso conseguem.

Daqueles que assim são por vontade própria, tenho pena. Confesso que nem todo altruísmo, que por ventura seja eu capaz de desenvolver, conseguiria me fazer acreditar em sua redenção. Que fiquem eternamente plantados no meio de um nada de sua existência.

Mas alguns assim o são involuntariamente, por razões sociais, econômicas, psicológicas ou familiares. Para estes tento ajudar e, vez por outra, consigo dentro das minhas possibilidades, ao menos o florecer de alguma novidade em seus galhos.

Aos poucos, com a beleza de uma flor, de uma estação, da novidade que cativa, conseguem tirar suas raízes do solo e alcançam novos campos, por conta própria, experimentando o erro e o acerto, ou seja, a vida, que antes lhes era negada em sua plenitude humana.

Destes tenho orgulho de sua vontade e dedicação.


Marcelo [Ciello] Poloni

quarta-feira, agosto 10, 2011

Sempre perto, mesmo distante


Não existem imprevistos que não sucumbam a grande arte de amar e ser amado. Não existem problemas que não possam ser resolvidos, atenuados e dissipados na poeira do tempo, que pode ser longo e que pode provocar grande saudade. Se assim o faz é porque o sentimento que nos mantém é verdadeiro e integro, na completude de eu com você em felicidade e carinho.

Questão de mais algumas areias a escorrer na ampulheta do tempo para te ver e reencontrar teus sentidos, sentimentos sinceros! Mesmo que não seja neste, no outro ou no seguinte tempo, de dias, semanas ou finais de semana, será o mais rápido que pudermos ter e será eterno enquanto juntos, mesmo que distantes, pois tenha certeza, no mais profundo coração, reside o amor que te encontro por hoje e sempre.

Morrendo de saudade de ti, 

Marcelo [ciello] Poloni

terça-feira, agosto 09, 2011

Da Dor ao Prazer,

Uma nova fonte para beber alegria.

Meus talentos são apenas meros pretextos para disfarçar minha total falta de jeito com as pessoas. Meus talentos eram potencializados quando mal me provocavam, voluntária ou involuntariamente, em momentos de depressão e tristeza. Traduzia a angústia que me afetava em atos de libertação, ou de redenção, de todos os pecados.

Descobri por este tempo que não apenas produzo o paraíso com a dor, mas com a alegria também. Encontrei em um campo de tantas flores conexões, de tantas outras almas que vagam sem rumo, um som que me seduz como marinheiro entregue às ninfas oceânicas, sereias que provocam um borbulhar incessante de novas sensações.

Da dor ao prazer, um constante terremoto provoca a ruptura do passado e lança-me na mais incrível das aventuras. A máxima arte de meus versos, prosas, rimas, imagens e sentimentos surge agora de um olhar, de um sorriso magnético, da alegria de sentir a vida florescer em amor, carinho e cumplicidade. Talvez a saudade seja uma uma constante inicial mas será saciada e traduzida verbos conjugados entre Eu e Você, juntos: O Nós, e isto basta!

Marcelo [ciello] Poloni


Secret Garden by madonnatrax

sexta-feira, agosto 05, 2011

Na natureza do meu Eu, encontrar-te-ei!

Estava perdido. Fui ao encontro da minha essência primitiva e deixei-me levar pelo encanto da sua natureza. Ao redor de meu mundo, entre meus trópicos, caminhei por árvores de imensas copas e densas folhagens que, ao seu redor, deixavam brotar apenas pequenas e míseras flores que sequer possuíam vida própria, ficavam a merce da vontade dos ventos e do pouco que enxergavam da luz que chegava até o solo. Observei algumas belas plantas que se nutriam da árvore em seu caule grosso como parasitas que chegam despercebidos e provocam coceiras pelo corpo de um animal sem trato. Não produziam nada, não sabiam sobreviver sem se apoiar ou fazer sua história. Eram tão míseras como as que ficavam no solo rastejando por entre raízes retorcidas que sustentavam seu peso.

Fui além e fugi para outro continente de meu passado. Senti o calor escaldante de areias soltas ao vento. Formavam grandes montanhas de um nada de profundo tom alaranjado. Escondiam cidades perdidas, civilizações passadas. Todo o mistério poderia ser ali revelado mas sob um sol sem limites, minha visão perdia-se na necessidade de sobreviver. Soubera que ali um dia foi uma grande e densa floresta que subumbiu por não saber de adaptar as intempéries do tempo. Sabia que não resistiria muito se ali ficasse contemplando o "nada" como fonte de um "nada" ainda maior. Meu deserto da alma escorreu ligeiro por entre os dedos levando-me para outro canto de uma vida que só eu entenderia.


Segui ao redor de minha vida terreste e encontrei um espaço mais amplo com luz radiante sobre arbustos menores. Não tinham pretensão de se tornarem gigantes, não tinham parasitas, não faziam sombra para as demais plantas ao seu redor. Formavam um conjunto composto de várias cores, diferentes tons e intensidades. Balançavam com o vento mas sabiam seu lugar. Suas flores, como reflexo da luz, eram de uma vivacidade cativante. Me senti livre para ir e vir, caminhando tranquilo por entre suas formas. Um rio de águas doces e cristalinas completava meu olhar nos reflexos de um sol maior.

Sentei e observei uma outra essência que ali se encontrava. Senti que havia vida. Senti que precisava me aproximar. Vontade recíproca, trocada, revelada em sentimentos, desejos e naturezas. Primitivas essências hoje se misturam, se entrelaçam e produzem flores de sensações verdadeiras. Perdido estava em locais inóspitos, estéreis de futuros frutos imaginados, sem sementes, sem esperança. Hoje sinto-me tranquilo e gradativamente amplio minhas raízes neste terreno de grandes emoções que faço no dia-a-dia de te querer mais, sempre melhor, sempre você, original e único, pois foi assim que me apaixonei, ao ver o doce campo das flores do teu olhar.


E assim, Na natureza do meu Eu, te encontrei.

Marcelo [Ciello] Poloni

sábado, julho 30, 2011

It All ENDs Here


Ontem foi dia de Harry Potter e sua saga. O quê dizer após assistir o desfecho com um certo entusiasmo adolescente mesmo depois dos 35? Da literatura para o cinema perderam-se, como dizem muitos leitores, detalhes e sutilezas que, se fossem traduzidos em imagens e cenas, inviabilizariam os filmes (como em muitos outros casos de adaptações). Não li os livros, fiquei apenas com a versão filmada e por mais fiel que seja, sei que a literatura cria mundos imaginários próprios e peculiares ao momento de cada um que nunca serão substituídos.

Voltando ao filme. O filme mais "pesado" da sequência também abre espaço para um certo humor "inglês" deixando o clima mais ameno e provando que todos, de alunos a professores, estavam ávidos para exercer o dominio de sua magia. Entretanto, senti falta de uma intensa troca de feitiços, mágicas e uma ação mais centrada na batalha do bem x mal no ataque à escola de magia.
Em compensação fiquei por demais satisfeito com o intenso elogio a literatura que senti nas entrelinhas e palavras de Dumbledore dirigidas ao seu pupilo Harry Potter que a essa altura já tinha consciência de seu passado. Este talvez seja o grande mérito dos filmes e dos livros da série: trazer muitos milhares de jovens de volta à leitura e à literatura, seja diretamente através dos livros ou no sentido inverso, do cinema para a leitura de todo o conteúdo da sequência. Fomenta-se, assim, há 10 anos, o gosto pela leitura. É a grande mágica de Harry Potter.

"Palavras são, na minha são tão humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de ferir e de curar. [...] Não tenha pena dos mortos, Harry. Tenha pena dos vivos. E acima de tudo, dos que vivem sem amor."
Alvo Dumbledore.

Exemplo doméstico: Minha prima, 12 anos. Passa horas e mais horas envolta em livros. De natal e aniversário dei-lhe toda a fábula das Brumas de Avalon, As Crônicas de Nárnia e outros itens propícios a sua idade. Resultado? Em menos de 1 mes, todos já "digitalizados" em sua leitura ávida. Gostaria que muitos outros jovens que não tem tantos recursos pudessem ter acesso a este universo da literatura como transformação precoce de sua realidade em algo pelo menos inspirador de sonhos.

Um personagem que me fascina: LUNA.


quinta-feira, julho 21, 2011

Um espaço no Mundo

tumblr_lolbctVdta1qz4d4bo1_500Não sei meu espaço no mundo. Por vezes me sinto do tamanho diminuto de um estreito fio de mar comparado ao colossos continentais que posso separar. Por vezes me sinto o próprio oceano de milhares de gotas a bailar no deslocamento da rotação terrestre.  

Me descobri forte e resistente ao tempo. Não sabia que era assim até descobrir minha próprima natureza transformadora que rompe a devastação, provocada por  uma erupção vulcânica, com o suave crescimento de uma nova vegetação, úmida do orvalho matutino primaveril, em meio a novas flores, novas cores e novas sensações. 

Não sei meu espaço no mundo. Por vezes me sinto um grão de areia no deserto de tantos olhares de ocas sensações em prazeres pueris, efêmeros, cujo gosto não se prolonga por mais que um átimo de lembranças futuras por pretéritos imperfeitos, imprecisos, restos. Não voltam mais. Por vezes sinto-me a própria esfinge, soberana e altiva em sua história, a decifrar cautelosamente os mistérios de todos os que passam por seu olhar.


Me encontrei nas estrelas, nas constelações, nas nebulosas. Extrapolei meus limites e voei alto para muito além da imaginação limitada da rotina cotidiana. Dei-me o direito de sonhar, de ver além do óbvio ululante e não deixar fenecer a alegria da espontaneidade, na complexa aventura do descobrimento, mas encaro a realidade como ela é. Aceitando-a, subverto seus parametros no meu universo particular.

Ainda não sei meu espaço no mundo e talvez nunca saiba. Sei que me sinto como em uma manhã de sol, aquecendo, depois de madrugada fria, cada pedaço de minha pele com conforto de sentimentos vibrantes, com as sensações próprias de uma nova primavera. Quero ter seu sol em órbita constante nestas estações de minha alma que ocupa por indefinido, todo e qualquer espaço no mundo de pensamentos meus, teus e enfim, nossos.

Marcelo Poloni

quarta-feira, julho 20, 2011

Prosas da Vida

Seguiu pelo seu tempo de reclusão. Longe estava em um planeta distante de sua órbita usual. Não esperava nada além do carinho e da lembrança daqueles que sabiam de sua condição de afastamento das rotinas de vida. Recebeu pouco de quem esperava mais. Recebeu muito de quem não esperava nada.

Ficava lá onde o calor abranda nas tardes de junho. Uma suave brisa invernal chegava de mansinho na noite que caia sobre seu leito de repouso. Buscava viver através dos olhos da tecnologia e obter o máximo de sua capacidade de fruição na observação, leitura e escrita. Relatos de outros tempos, de outras vidas. Ampliava assim seu canto de saudades. Escreveu memórias liricas contemplativas do amor alheio através de grandes aventuras por sentimentos conjugados que não eram os seus.

Encontrou palavras de afeto e alegria com outro alguém que, desconfiado, adjetivou-lhe como “provocador de galanteios de botequim”. Ledo engano deste que passou horas em conversas, brincadeiras, olhares e chamegos visuais. Combinaram entrelaçar suas rotinas no conhecer profundo de seus corações. Descobriram-se íntimos entre afinidades, diferenças, pensamentos e vontades únicas.

Não tardou para que seus olhares se aproximassem e suas bocas enfim se tocassem suavemente numa noite fria de sentimentos transpirantes. Conhecer – conversar, relacionar – sentir, buscar – encantar, querer – começar. Amar! No carrossel dos seus sonhos o amor é a força motriz que faz girar sentimentos destes eternos meninos que quererem ser um só núcleo de vida pulsante. Juntos.

Depois de tanta prosa, agora começam os “poemas da vida”...

Marcelo Poloni

Pra você, só você! 
Volta logo, na sexta, no sábado, no domingo, todo dia!

sábado, julho 16, 2011

Entre 1 e Outro

1 Diz: "- Toda pessoa certinha demais tem um que de histeria que me irrita. Uma histeria silenciosa e perigosa.
Você não. Teus erros e teus problemas são parte de um todo que te faz muito mais próximo a mim e das minhas imperfeições, muito mais humano, muito mais sensível às coisas da vida e, sendo assim, muito mais capaz de se doar, de se entregar e libertar-se com outro alguém. Ser feliz"

Outro Diz: "- É acho que sim, mas é um defeito também ser extremamente sincero, impulsivo em opiniões."

1 Questiona: " -  Por que?

Outro responde: " - Às vezes. Porque ninguém suporta a verdade. Preferem ilusões, idealizações."

1 Completa: " -  Depende de como se anuncia a verdade. Existem jeitos e maneiras de se dizer a mesma coisa e sendo assim, jeitos e maneiras de recebê-la também. Não se anuncia a morte de um pai ou uma mãe no auto-falante de um supermercado. E se vc consegue falar a verdade sem agredir mas fazendo com que compreendam-na você provavelmente atingiu uma grau de maturidade e sabedoria que te fará um iluminado coração de sentimentos."

Marcelo [Ciello] Poloni & Carlos Eduardo Luiz


quarta-feira, julho 13, 2011

Lavrador de Poesias

I am the kindest soul with whom you've connected
I have the bravest heart that you've ever seen
And you've never met anyone
Who is as positive as I am sometimes


You see everything
You see every part
You see all my light
And you love my dark
You dig everything
Of which I'm ashamed
There's not anything to which you can't relate
And you're still here
And You're still here...

And you've never met anyone
Who is as everything as I am sometimes

Everything Is Everything

Everything is everything
What is meant to be, will be
After winter, must come spring
Change, it comes eventually

I wrote these words for everyone
Who struggles in their youth
Who won't accept deception
Instead of what is truth

Let's love ourselves then we can't fail
To make a better situation
Tomorrow, our seeds will grow
All we need is dedication

After winter, must come spring
Change, it comes eventually


Um regresso a cada nova inspiração
das ondas de teu oceano de carinhos.
Navego por teus olhos de vênus
guiado pelo brilho de tua alma
para me encontrar no teu infinito.

Sou o céu, no encontro do teu mar.
Lavre teus sentimentos pelo caminho de minhas estrelas
refletidas em teu corpo liquido.

Marcelo [Ciello] Poloni

quarta-feira, junho 29, 2011

Palavras ausentes

A realidade devora todo o cotidiano como um instinto de sobrevivência selvagem diante da fome de vida.
Fui pescar sonhos onde o infinito dos meus olhos não mais conseguem enxergar pensamentos.
Restaram palavras, imagens e sensações de um futuro imaginário, sempre presente.

Tento traduzir o meu vazio em cada espaço e inundá-lo de esperança. 

Vou seguindo de saudade em saudade na busca de um grão da areia do tempo.

Guardá-lo-ei como memória infinita de carinhos teus.

Tu és um muito de mim e sou um muito de ti.

Eu voltarei por aqui, em breve. 

Marcelo [Ciello] Poloni

quarta-feira, junho 22, 2011

Vento Leste, entre o deserto e o oásis imaginário

Ele não era apenas um leitor que consumia livros para fazer um resumo sistemático e pré-programado de conteúdo. Tampouco o fazia para dizer ao "mundo" que era culto com sua capacidade de fruição. Buscava a essência, a razão e seus desdobramentos, épicos ou não, de leitura.

Clarice Lispector trouxera-lhe intensa divagação sobre a vida, para perceber as relações e sentimentos na observação do mundo e das pessoas a sua volta, unindo-o significativamente a outras pessoas e a uma delas em especial, o "Vento Leste". Foi através dele que se aprofundava em descobrir um coração. Verde fruto proibido da árvore da vida que sua mão não conseguiu colher naquele tempo.

Um grande mistério ainda pairava entre eles. Nas muitas conversas e encontros, regados a intensas trocas, sempre foi sensível que a amizade, beijos e carinhos pareciam não ser recentes. Sempre foi perceptível uma misteriosa sensação de que se conheciam há séculos. Conheceriam ainda, e intimamente, sentimentos, entre alegrias, expectativas e frustrações.

Por um tempo que ele achou que aquele vento, de natureza divina, que habitava seu pensamento, quisesse ir além. E quis. E foi! Mas recuou sem explicação palpável. Ele, mesmo doído pela negação da tentativa de se construir um caminho, que não saberia onde o levaria e tampouco o importava, não quis perder a companhia do vento e recuou em suas expectativas, que até então, antes da lufada crucial daquelas palavras soltas, era apenas brisa sonhadora de tardes de domingo.

Já era tarde àquela altura. Ele foi levado pelo Vento Leste que arrebentou todas as janelas e proteções. Não conseguia mais sentí-lo como a brisa de uma amizade, mas mesmo assim tentou segurar-se em terra, lançado a espera de um posicionamento e, em meio a rajadas fortes, que trouxerem intensas chuvas a seus olhos, foi de peito aberto ao outros encontros. 

Soubera, de antemão, que a turbulência daquele vendaval não seria fácil de lidar mas, como poucos, sobreviveu em seu convívio, em seu carinho e em suas recordações. Sempre que ventava no seu caminho à leste, perdidos carinhos e afeições típicos de um bem querer maior. Sua própria inconstância e falta de rumo? De fato já havia um outro caminho por onde o Vento queria seguir. Ele já sabia disso, mas seu coração, sempre carinhoso e apaixonado, não. 

Chegaram aquele domingo derradeiro de suas frustrações cotidianas e afetivas. Insensível e sem a menor humanidade, e tal qual fúria da natureza, o Vento Leste não soube responder ao telefone, naquele começo de noite, com um "não posso hoje, estou acompanhado", para preservar um mínimo de dignidade. Levou-os, em minutos, da mais alta felicidade de uma tarde bem vivida, ao mais baixo nível da humilhação.

Ele saiu às pressas daquela tarde carinhosa de sol de outono para que o Vento pudesse se entregar ao prazer da efêmera conquista de seis andares acima naquele edifício, mas que não poderia conceder-lhe nada além do proibido de um jardim de ilusões pois, por infortúnio de sua condição de vida, com as "promessas sagradas de amor eterno", era casado a outro ser humano feminino e tinha com sua prole. O vento tinha sua meia-vida, um meio termo afetivo. Para o outro esta condição nunca lhe bastaria, enquanto uno que era.

Expulso, naquele momento crucial de ter que ir embora às pressas, Ele usou de toda a força interior que lhe restava para traduzi-la numa verborreia de verdades que, mesmo não sendo ouvidas ou compreendidas, esperava ter peso absoluto sobre sua consciência, iluminando-o no caminho que quisesse traçar para seu futuro. 

Neste tempo de sonhos, licores e pudins, em meio a afeto, carinho e proximidade, poucas foram as respostas às mais diversas perguntas traçadas. Tal qual esfinge, que finge não se importar, o Vento Leste continuou a fazer seu remoinho de areia no deserto de sua existência que um dia quisera Ele transformar em oásis imaginário.

Ele foi embora deixando um verde coração partido no infinito e talvez venha apenas a sussurrar, na brisa solitária do oceano que, mesmo assim, compreendera o porque das fortes rajadas daquele vento, que o entedia também, por causa de suas íntimas e únicas passionalidades, em personalidades que talvez somente Clarice, possa traduzir em verbos e predicados, sujeitos que eram a ação contínua do tempo. 

Marcelo [Ciello] Poloni

Saudade,
O carinho é como o vento
que não pode ser visto
mas sempre ao senti-lo
saberá que está lá
No leste




segunda-feira, junho 20, 2011

Eterna Primavera 74

Há 37 anos, enquanto Elvis cantava em Iowa, eu nascia naquele mesmo dia 20 de junho e, confesso, não foi fácil chegar ao mundo depois de ter sido concebido na primavera de 1973 e ser abandonado pela figura paterna desde então. Enquanto estava eu entre choros, mimos e cabelos louros, a crescer na minha cabeça de neném, lá em nas Minas Gerais, dois homens, já encaminhados em suas trajetórias de vida, encontravam-se pela primeira vez em orações aos seus respectivos pais que passavam por problemas de saúde. Da seqüência de encontros semanais no centro espírita, surgia uma amizade intensa e forte. No pulo do gato de confidências trocadas, um mineiro namoro nasceu, e engatinhava, assim como eu, na alegria daquelas tantas novidades a descobrir.

O tempo foi passando e aqueles anos 70 foram “modernos” e paradoxais comparados com a atualidade. Era da ditadura militar e da liberdade criativa do Dzi Croquettes. Hoje, se compararmos estes “tempos modernos” de outrora, é notável minha percepção que somos uma fração limitada e engessada de nossos próprios preconceitos. Eu, ainda engatinhando e tentando andar nas duas pernas, nem imaginava que uma garotinha humilhava a ditadura em Belo Horizonte e que dois homens lá se apaixonaram.

Paulo e Wanderley construíam uma união que, como eu, na descoberta do mundo, levava tombos, levantava, caia de novo, e tentava novamente até que um dia tomou prumo e não caiu mais. Assim como em qualquer casamento nem tudo foram flores, mas, os desentendimentos, incluindo o ciúme, acabavam cedendo pela transparência, cumplicidade, paciência e dedicação à entrega mútua de se ter alguém próximo em constante carinho.

As memórias daquele inicio dos anos 80 eu guardei. São presentes na minha vida como eram aquele ferrorama, aquela bicicleta monark, o LP do balão mágico e o sítio do pica-pau amarelo. Sempre fui uma criança muito fechada e quando chegava um padrinho ou madrinha me escondia ou fingia dormir.

Naquele tempo, Paulo que era tímido, fechado e não assumido, fez do Wanderley, deslocado e experiente, sua referência comportamental, transformando-se, aceitando-se e assumindo um compromisso sério de relacionamento. Opostos completos que fizeram e ainda fazem das diferenças um exercício de respeito e compreensão para viver a vida juntos por este tempo conjunto.

Fui crescendo meio sem saber o que era a vida e sem ter a esperteza daqueles garotos que viviam a jogar bola enquanto eu estudava sozinho para tirar boas notas. Apaixonei-me por uma garota, tudo platônico, medroso que eu era, nem sabia o que era desejo. Foi meu primeiro amor, mas meu primeiro desejo foi por aquele garoto dos olhos de vênus que me acompanhava na volta da escola.

Nesta época, bem pra lá do triangulo mineiro, Paulo já tinha descoberto em Wanderley, seu primeiro e único namorado, um sentimento maior do que qualquer outra possibilidade, de efêmero desejo, que o mundo pudesse oferecer, e que foi, pouco a pouco, conquistado com o respeito às individualidades em confiança mútua, tanto que, juntos nunca moraram.

Já mais crescido, encontrei um amigo que pelo tempo dele cá na terra eu passei. Um protetor que entrou na minha família como pessoa querida e odiada, pois despertava receio e ciúme, tanto em casa, quanto aos amigos. Nossa amizade foi consolidada desde os oito anos e adentrou ao núcleo familiar tanto quanto o relacionamento entre Paulo e Wanderley irradiou-se para todos a sua volta, das famílias aos colegas de trabalho, criando tanta empatia e integração (inclusão) que fornecera consolidadas estruturas para seu “casamento” não ser efêmero como muito acontece nestes dias e em todos os tipos de relações.

Na roda do tempo me perdi nos livros e nos estudos. Dois vestibulares e passei em ambos, em carreiras distintas. Entre humanas decisões, exata era a noção das minhas possibilidades e, com certo comodismo conformista, acabei escolhendo o curso que trouxe “facilidades informáticas”, não exatamente uma profissão. Talvez um erro a consertar por este tempo que sigo e não desisto!

Tenho um bom exemplo do Paulo que, neto de sicilianos, resolveu, aos 30 anos, fazer História – “As possibilidades de uma releitura da vida e seus valores, isto me fascinou – e fui fazer filosofia para complementar”. Formado em veterinária, sua profissão de fato, hoje dedica seu tempo a trabalhos voluntários em uma ONG ministrando palestras para jovens, com uma abordagem sobre ética e comportamento humano. Apaixonado por Roberto Carlos e Beatle-maníaco, fez de seus ídolos, amores conjuntos com Wanderley, que adotou a História com a profissão de professor e fez do seu blog um canto para poesias, pensamentos e contos que cativam desde a primeira leitura.

Não satisfeito com os rumos não dados a minha formação fui buscar renda para outros vôos. Comecei a trabalhar naquele banco que era sinônimo de boa vida para quem nele adentrava no passado, agora não mais. Não fiquei parado. Investi na minha liberdade e fui morar sozinho em São Paulo. Começava ai a grande revolução. Voltei meu tempo para fazer e acontecer tudo aquilo que tinha deixado para trás e ainda o faço.

Da mesma forma que reconstruo meu caminho, Paulo e Wanderley, já bem à frente nesta rota, souberam percorrê-lo com maestria nas palavras de seu casamento: “Tem-se que ter vontade, perseverança, compromisso, cumplicidade e disposição para a construção minuto a minuto, dia a dia, ano a ano. Saber superar obstáculos, acreditar na possibilidade. Não acho que isto seja tão incomum assim. Temos vários amigos na mesma condição. Não é um processo simples e fácil, mas totalmente possível, e isto vale tanto para o relacionamento homossexual como heterossexual.”*

De uns tempos para cá passei a escrever aqui. Apaixonado por Clarice Lispector, resolvi colocar para fora os sentimentos, emoções e as coisas da vida, de forma lírica, com um toque de sensibilidade e outros temperos poéticos. Bem antes, e já “ligado” com a tecnologia, movimento futuro da vida, Paulo escrevia em blogs para contar a experiência de ter uma vida de casamento gay assumido e declarado que é real. Como não existe receita de vida igual para todos, cada individuo saberá seu caminho e sua vontade. “Quero mostrar que quando se quer e quando se acredita, tudo na vida tem a sua possibilidade”.*

Paulo tem seus 60 e Wanderley seus 61 anos de experiência. Hoje, quando eu completo 37 anos de vida, e eles no caminho dos seus 37 anos de relacionamento, costurei-me em histórias, soltas no tempo, na trajetória do relacionamento deste casal que merece o meu maior respeito por conquistar a plenitude da essência de amar e saber viver intensamente um para o outro.

“Não somos apologistas do AMOR folhetim mas sim do AMOR consciente, construído e vivido no respeito, na cumplicidade, na transparência e nas lidas do dia a dia. Paixão é uma coisa linda mas ela dá e passa. Se ao fim de cada paixão formos buscar outro AMOR não estaremos sabendo o que é o verdadeiro AMOR. Ele na verdade é algo que se constrói minuto a minuto.”*

A gratidão por ter conhecido sua história, e as outras tantas por aqui agora compartilhadas, é imensurável, colaborando, ainda mais, para possa sempre acreditar em sentimentos verdadeiros, ora um pouco acinzentados pela dinâmica das facilidades atuais, mas que volta a se avivar com intensidade para quem acredita e constrói um caminho verdadeiro.

37 aqui, 37 lá. 74 no total. O Ano que começamos eternas primaveras.

Marcelo [Ciello] Poloni

*Citações de Paulo Braccini


e tem mais…

Ps.: Logo abaixo, o áudio de uma entrevista com Paulo Braccini, diretamente do blog [YAG – Na contra-mão]. Agradeço ao Hugo pelo áudio e ao Serginho, com a entrevista do Paulo no Blog [Justo e Digno], que autorizaram a divulgação e uso de seu material aqui disperso em minhas crônicas.



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